Você provavelmente deve conhecer esse esporte, "corrida de cães"! Você sabe por que esses cães correm tanto? Porque são treinados? Porque querem ser melhor que os outros e chegar ao topo? Porque querem bater as metas estipuladas pelos seus lideres? Nenhum desses motivos, ou todos esses, não são o suficiente para explicar como funciona a dinâmica do esporte e qual seria a motivação deles, visto que se trata de um esporte envolvendo animais irracionais, mas há uma lógica.
Eles correm tanto porque a alguns centímetros ou um pouco mais de um metro, tem um pedaço de carne, amarrado a uma barra paralela e enfileirada para cada um deles, ou seja, uma promessa de comida. O objetivo deles não é competir, não é chegar ao podium, não é bater a meta estipulada pelo seu gerente e obter uma menção honrosa no quadro de destaques. A intenção deles é unicamente correr atrás do prometido, que está amarrado a quem prometeu, e que, quanto mais correm, tanto mais permanece fora do seu alcance.
Na aurora dos novos tempos tecnológicos e das redes sociais, em que prolifera uma nova onda de "gurus" da internet que se alimentam da esperança de riqueza, de facilidades e vida próspera de pessoas, inclusive até bem intencionadas, vimos claramente essa mesma dinâmica. Em resumo, se esses gurus, realmente entregassem tudo o que prometem, o ciclo se encerraria, e seus “alunos” ficariam de fato milionários, e consequentemente eles ficariam pobres ou menos ricos, não é verdade? Com isso, eles precisam manter o foco neles e não nos sonhos e objetivos dos liderados, ou sequer nas necessidades e objetivos de um bem comum, maior e coletivo, fomentando assim uma dependência afetiva. “Arrasta pra cima, que eu tenho a solução”, “se você não ficar comigo até o final desse vídeo, e blá-blá-blá.”, “se você não comprar esse meu curso hoje...” e por aí vai a engrenagem!
Nesse contexto, conclui-se certa preocupação: como serão os novos lideres do futuro, que hoje são influenciados por esse comportamento? Serão aqueles que guardarão para si as fórmulas mágicas do sucesso, causando dependência de si em seus liderados, e estipulando metas baseadas em promessas a partir do próprio estômago? Ou será que ainda teremos aquele perfil do profissional inspirador, que compartilha conhecimento e empatia, que transpira humanismo, que extrapola carismas, e que, não só aponta para o alvo à frente, mas caminha ao lado? Pois é, não podemos deixar que o famigerado “tamujunto” ainda hoje praticado, venha a cair em desuso ou perder seu significado literal.
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