Tentarei
uma reflexão crítica do ponto de vista teórico sobre a Missa da Consciência Negra,
como sistema de cotas e a tentativa de ser o principal instrumento de
inculturação e inclusão social nas comunidades católicas. Em minha formação
acadêmica tive o privilégio de ser membro da primeira turma do curso de Letras
do Unileste a ter na grade curricular as disciplinas Literaturas Negras e Africanas
que passaram a ser obrigatórias no auge das discussões dos movimentos de
negritude e contra as desigualdades raciais. Tive a oportunidade de me
especializar sobre gêneros, raças e etnias na pós graduação e atualmente
iniciei minha dissertação para o Mestrado sobre a construção do conceito de
raça já no período colonial através dos sermões de Padre Antonio Vieira. Tentarei
contribuir nesse texto com os meus conhecimentos de Teologia Pastoral e Moral católica agregados a esses
conhecimentos teóricos de minha pesquisa acadêmica para revermos nosso
posicionamento quanto a essa prática.

Há uma
tentação em se pensar que os sistemas de cotas para negros em escolas
universitárias e outros setores da sociedade é uma solução suficiente para
sanar as dívidas com a população negra, na verdade essa é uma ação reparadora
do problema existente, como um medicamento para uma ferida já aberta, apesar de
todos os benefícios há de se reconhecer que essa ação política não age na raiz
do problema. A raiz do problema é muito mais profunda, está nas consciências,
que ainda insistem em mascarar o preconceito, a discriminação e o sentimento de
superioridade da cor branca sobre o negro. Sem contar que esses indivíduos são
evidenciados muitas vezes nas salas de aulas como “os bolsistas” ou “cotistas
negros”. Se as mentes não mudam as opiniões e sentimentos racistas, esses
universitários sairão das universidades graduados e ainda vítimas dos mesmos
preconceitos de outrora.

A Consciência Negra
pode e deve ter seu espaço garantido para as reflexões nas comunidades
eclesiais, não precisa ser somente no mês de Novembro, e deveria ser criado
espaços de debates, mesas redonda ou simpósios abordando a temática, mas em
outro momento que não seja a Santa Missa, e mais do que isso, como testemunhas
dos ensinamentos de Cristo devemos ser os primeiros a renunciar qualquer tipo
de marginalização do negro, auxiliando-o a superar o atraso social devido aos
prejuízos desde a escravidão inserindo-o na vida eclesial e social.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, sua opinião é muito valiosa para mim. Um forte abraço!