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Sobre Anjos, Demônios e a preguiça!

Caríssimo Teófilo,

Graça e Bem da parte do bondoso Deus!

Pedirei nessa correspondência, sinceras desculpas pelo o meu vulgo português descuidado, na literatura chamam de licença poética, um nome técnico que os linguistas encontraram para a preguiça e desleixo na escrita. O mancebo erra propositalmente ou por descuido, daí, lá vem os bajuladores dizer que ele pode, é a licença poética que esses canônicos se valem. Preferirei deter-me mais no conteúdo do que haverá de ser dito, e preocupar menos com a Gramática. Nosso amigo em comum, o escritor Samora, sempre faz-me a lisonja de lembrar de minha modesta habilidade de manejar a língua portuguesa e sua estrutura gramatical, chamando-me por vezes de “Cláudio, o gramático”, porem, acho que eu tenho sido mais um “Cláudio tomista” ultimamente. É claro que no sentido mais pobre da palavra, no sentido de “especulador”, em busca da verdade e “questionador”. No melhor sentido da palavra, desse, que é um adjetivo tão memorável, seria uma petulância me auto afirmar tomista.

Queria escrever-te no início dessa semana, quando terminava de ler a “Svmma Daemoniaca”, do reverendo padre Antonio Fortea, e um detalhe me saltou aos olhos e deu-me vontade de lhe comentar, mas a correria foi tamanha que acabei me esquecendo. Retomei a intensão da correspondência, quando na tarde de hoje, fui levar minha esposa ao confessionário, e após o atendimento, tomávamos uma xicara de café na casa do reverendo padre Eliney, em Ipatinga, e o mesmo comentou sobre você e sua enfim decisão de ir para o seminário.

Depois vamos ter a oportunidade de conversar pessoalmente e tão logo, demostrarei o quanto minha alma se alegrou com essa boa nova. Se for tentar descrevê-la aqui, além de delongar-me demasiadamente, não conseguirei expressá-la, só digo que uma conclusão, de muita saudosa expectativa, me veio ao coração ao entrar no carro e tomar direção de casa com minha esposa. Nossa amizade nasceu, naquele carro, naquele dia da missão em Brauninha, há alguns anos, e com a graça de Deus, vai culminar no altar do Cordeiro, aguardarei ansiosamente o dia em que servirei o altar do seu Sacrifício Eucarístico e juntos elevaremos o cálice de nossa Salvação, eu com o Sangue incruento e você com o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor, eu como diácono da Santa Igreja e você como sacerdote segundo a Ordem de Melquizedech.

Mas vamos logo ao assunto! O mês de Setembro é um mês muitíssimo abençoado, já o seria apenas por ser o mês dedicado à santíssima palavra de Deus, mas é abrilhantado ainda mais as festas dos santos que nele celebramos, a citar, São Gregório Magno, São Lourenço, São Cipriano, São Vicente e São Jerônimo, e fechando com chave de ouro com os santos Arcanjos.

Caro “Teófilo”, sempre na festa de um santo, que tenho por devoção, eu sou acometido por um sentimento no mínimo intrigante e as vezes angustiante, me vêm a ideia de que estou em dívida com Deus, tudo que faço ou que fiz até hoje para a Igreja, parece ser uma gota nesse imenso oceano da hagiologia do calendário romano dos santos e dos mártires. São Jeronimo por exemplo, dizem os seus hagiólogos, que ele dedicou uma parte de sua vida à traduzir a bíblia para o Latim, a Vulgata, e a outra parte de sua vida dedicou-se à acese, penitencia e vida contemplativa. Ou seja, uma vida inteira em Deus. O que dizer de Santo Afonso de Ligório que entrou para o seminário com 09 anos, se formou em direito com 13 anos e se ordenou padre quase logo a após a sua pulberdade? (se não me falhe a memoria, tem muito tempo que li sua biografia, logo não considere tanto os números, pois como disse no início, minha correspondência hoje tem mais um desejo de comunicar do que se certificar com os dados. Seria como um fluxo de memorias.)

Dos dois santos citados, tanto um como o outro, não perdeu tempo na vida. De Santo Afonso, diz-se que esse não desperdiçou nem um minuto sequer de seu tempo, enquanto esteve nesse mundo. Imagine o quanto esses santos gritam aos meus ouvidos? Eu que perco tanto tempo com besteiras? Que me disperso tantas vezes com redes sóciais, tecnologias e smartfhones? Que mensagem não teria para mim, um homem que dedicou a metade de sua vida para traduzir os textos sagrados e torna-los acessíveis, enquanto eu sou tomado pelo sono, quando leio uma ou duas páginas de um livro? Já estou com vergonha de já ter demorado três semanas pra chegar a página 100 do livro que disse no início que estou lendo. Aliás, vou já comentar a parte da leitura que prometi fazer.

O reverendo padre Antônio Fortea, dentre outras inúmeras coisas interessantíssimas sobre as realidades espirituais que nos cercam, disse que os demônios realmente têm nomes, coisa que eu não imaginava ser verdade. Achava que era demônio e pronto. Ele citou os diversos nomes, a saber, Asmodeu, Lucifer (que na verdade é um adjetivo), Satã, Belzebu, dentre outros. Um nome que me chamou a atenção e motivou lhe escrever compartilhando é o demônio chamado “Meridiano”, você já ouviu falar dele? Segundo Fortea, o nome do capiroto, originou-se de uma tradução errada que São Jerônimo fez de um versículo do Salmo 91, que dizia no original, “não tenha medo da destruição que assola no sul” , Jerônimo traduziu, “não tenha medo do demônio meridianus” que tinha esse mesmo significado de “do sul” ou meio dia.

A partir daí Fortea afirma, que virou costume entre os ascetas, ao serem acometidos pela acedia, ou seja, a tentação diária, considerarem que existia um demônio que atacava ao meio dia, hora em que os monges estavam dispensados da oração e dos trabalhos físicos ou espiritual, resumindo, era a hora da folga, como minha vó dizia “que cabeça vazia é oficina do diabo” era nesses momentos que eles sofriam intensos ataques, e muitos deles deixaram a vida monástica por causa disso. O exorcista, ainda afirma que fora comprovado em exorcismos pelo mundo a fora, nos quais satanás fora entrevistado e obrigado a se identificar, que ele realmente existe e tem esse nome de Meridiano e assume essas características.

Resumindo, é o demônio da preguiça. Que nosso Senhor Jesus Cristo e a Divina misericórdia nos livre de tal desgraça. Mas uma coisa engraçada nisso tudo eu fiquei pensando. Se por um erro, São Jerônimo deu um nome à satanás, e ele o assumiu, tanto que já confessou de fato comprovado em exorcismos reconhecidos pela igreja, poderíamos pensar que um dia, teremos na história da Igreja, da qual estamos escrevendo e vendo-a ser escrita, que satanás assuma como nome próprio de o “encardido”? Nome um quanto tanto engraçado, o qual, o reverendo padre Leo, de saudosa memoria, mineiramente o apelidou? Eu quero ainda está vivo para ver e assistir a isso, pois será além de engraçado, muito humilhante para o demônio, quando o exorcista lhe perguntar: “Quem é você? Em nome da Santíssima Virgem, se identifique!”. E ele com aquela conhecida vós de derrota, ver-se obrigado a dizer:

“Eu sou o encardido!”

Despeço-me aqui amigo, estou rezando por você e por sua caminhada, vou te procurar para conversarmos mais sobre esse seu novo itinerário.

Salve Maria!


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