Aprendi nesses dias atuais
com um grande filósofo, chamado Jordan B. Petersson que o processo,
apesar de natural, mas é também desafiador, que todos nós precisamos passar, é
largar as coisas de crianças e avançar sem medo para a maturidade da idade
adulta, assim se forma uma sociedade. E é nesse processo que me encontro hoje.
Processo divertido e que tem me desafiado a cada manhã.
É um convite da própria natureza, diga-se de passagem, que a
contragosto da correnteza da era moderna, como apontou G. K. Chesterton em seu
livro "O homem eterno", que insistem no desejo utópico de viver a
eterna juventude no fantástico mundo de neverland (a terra do nunca) como aquele
personagem Peter Pan e seus amigos que nunca envelheciam e tinha como única
ameaça na vida um pirata cego de um olho e manco de uma perna só, que morria de
medo de um jacaré que fez alimento da sua perna direita junto com um velho
relógio de corda que o atormentava. Bom, seguindo os conselhos do dramaturgo
Nelson Rodrigues, eu hoje, celebro com entusiasmo e com a maior alegria, o
adeus a juventude, o meu envelhecimento e amadurecimento.
É claro que, isso pode assustar alguém, e entortar narizes
por aí, afinal de contas, quem não quer ser um jovem saldável pelo resto da
vida? Mas não falo nesse sentido, até porque, cuidar do próprio corpo, junto
com a alma e a psique, é um mandamento escrito nas entrelinhas dos dois
primeiros mandamentos “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a sí
mesmo.” Está compreendido nesse mandato, amar a Deus e amar a si mesmo. Sim
amar a si mesmo, antes de amar ao próximo. Pois se Nosso Senhor Jesus Cristo,
resumiu o decálogo inteiro em “amar o próximo como a si mesmo”, subentende-se
amar primeiro a si, e é somente tendo sido amado e coberto de amor próprio, é
que conseguirei amar o próximo com o meu
melhor amor. Logo, cuidar de si, da sua saúde, e chegar aos 40 com a melhor
saúde possível, não é mera vaidade, mas sim um cumprimento desse dever
evangélico.
Mas o fato aqui, é ter a coragem, de avançar para o futuro,
aproveitar a vida, sabendo que ela é passageira, largar pra trás o bico, a
chupeta e as fraudas, e ter em mente, que a humanidade precisa de homens, não
indo muito longe, seus filhos, seus irmãos e seus pais, e junto a esses, seus
amigos, precisam da consistência de um homem, por isso, tomando as mesmas
palavras que Davi expressou ao seu filho Salomão, no leito de sua partida: “CONFORTARE
ESTO VIR”, traduzindo para o porguês “Seja forte, seja homem” (1Rs 2,2).
E nesse episódio Davidico, pra concluir meu brevíssimo sermão
dos 40 anos, vale voltar a primeira parte do versículo que ele deixa como
herança para o seu filho, filho esse que dispensa comentários, que ao poder
dessas palavras de seu pai, tornou-se o homem mais sábio e poderoso do antigo e
Novo testamento, aquele ao qual, mereceu elogios da própria boca de Cristo que
disse “Salomão, com toda a sua glória” comparando-o naquele sermão que falava
em linguagem comparativa dos lírios do campo. Vamos às palavras de Davi:
“ Estou para seguir o
caminho de toda a terra. Por isso, seja forte e seja homem. Obedeça o Senhor
teu Deus.” (I Reis 2,2-3)
Veja quanta sabedoria de um pai ao seu filho, ele diz “estou
para seguir o caminho de toda a terra” uma forma profunda e poética de dizer que
estava morrendo. Claro que hoje é um dia de falar de vida, celebro mais um ano
de vida, mas não me furto em pensar, que a cada ano que completamos, é mais um
ciclo da vida que cumprimos. Celebrar a vida é também desapegar desse chão,
incluindo, desapegar das coisas de crianças e desabrochar, rumo em frente ao
caminho de toda a terra.
Eu tenho dois filhos maravilhosos, Miguel, meu brother de
todas as horas e a meiga Analice de sorriso e olhar encantador. Todas as manhãs
eu acordo pensando, o que posso fazer hoje, para melhorar os dias de amanhã deles?
Qual legado eu deixarei para a minha geração? O que os filhos deles vão ler
sobre mim no futuro? Só darei conta disso, tendo a cabeça do homem que deixou
de ser menino. Veste como menino, zoa, brinca, faz azaração de menino, sim é
verdade, mas a alma é de homem, um homem de quarenta e poucos anos!
Pra finalizar, encerro parafraseando um verso que colhi do
livro “O grande mentecápito”, que guardarei como uma espécie de epitáfio de
homem vivo, do poeta mineiro Fernando Sabino, chego aos 40, “com a alma de moço
e coração de menino!
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