Uma tartaruga nadava alegremente em um rio quando um escorpião que estava na margem chamou-a.(Nur ad-Dīn Abd ar-Rahmān Jami - Poeta, teólogo e místico Sufi)
Por ser um péssimo nadador, o escorpião pediu à tartaruga que o carregasse em suas costas até a outra margem do rio. “Você está louco?”, exclamou a tartaruga. “Você irá me ferroar enquanto estiver nadando e eu me afogarei.”
“Querida tartaruga”, riu o escorpião, “se eu a ferroasse, você se afogaria e eu afundaria contigo, e me afogaria também. Onde está a lógica nisso?”
A tartaruga pensou bem, e viu lógica na explicação do escorpião. “Você está certo!”, disse a tartaruga. “Suba!” O escorpião subiu no casco da tartaruga e, quando estavam a meio caminho da outra margem, deu uma poderosa ferroada na tartaruga. Enquanto ambos afundavam nas águas do rio, a tartaruga disse, resignada:
“Você disse que não havia lógica em você me ferroar. Por que, então, você fez isso?”
“Isso não teve nada a ver com lógica”, disse o escorpião, que se afogava. “Essa é minha natureza.”
Em 287 da era cristã, o Imperador Diocleciano – grande perseguidor de cristãos – baixou uma lei que deveria ser cumprida imediatamente: todos os cidadãos deveriam prestar homenagem pública aos deuses pagãos. Foi quando um cristão rico e pragmático acreditou ter encontrado uma saída para fi car bem com Deus e com o Imperador. Resolveu contratar o mais famoso dos stupidus , Philemon, emérito imitador, para representar uma farsa: ir até o templo, substituindo-o, e lá cumprir as obrigações com os deuses em seu nome. O palhaço disfarçou-se com perfeição e já ia começar seus rituais quando, de repente, dá um grito: “Não o farei!” Todos se espantam, e imediatamente ele é reconhecido. Alguém rindo diz: “É Philemon, o stupidus !” E logo todo o templo começa a rir da mais nova piada do palhaço. Mas não, não era uma piada. Philemon recebera a graça divina e acabara de se converter. Tomado pela fé no Deus único, continua gritando que jamais prestaria homenagem aos falsos deuses...
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