"A palavra de ordem é Misericórdia" (grifo meu)
É
o que revela o mistério da Santíssima trindade. Misericordiae Vultus, (pdf) rosto da misericordia: é o acto último e
supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental
que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que
encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem,
porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação
do nosso pecado.
O papa
Francisco, ressalta a motivação inicial de ter proposto a bula sobre a
misericórdia, pelo fato de que, segundo ele, “há momentos em que somos
chamados, de maneira ainda mais in tensa, a fixar o olhar na misericórdia, para
nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai.” afim de que o testemunho
dos crentes seja ainda mais forte e eficaz.
A bula
inaugura traz a reflexão como tema do Ano Santo, que abrir-se-á no próximo dia
8 de Dezembro de 2015, solenidade da Imaculada Conceição. O texto traça um
itinerário da ação da misericórdia de Deus na vida do povo desde nossos
primeiros pais Adão, “Deus não quis deixar a humanidade sozinha a mercê do mal.
Por isso pensou e quis Maria Santa e imaculada no Amor (Ef. 1,4), para que se
tornasse a mãe do redentor do homem.” Para o Papa Francisco o dia da Imaculada
Conceição, no qual será oficialmente promulgado o Ano Santo da Misericórdia
abrir-se-á a “Porta santa. Será então uma porta da misericórdia, onde qualquer
pessoa que entre poderá experiementar o amor de Deus que consola, perdoa e dá
esperança.”.
Neste dia
da Imaculada, que será o terceiro Domingo de Advento, o papa fará um gesto
concreto de abrir a Porta Santa da Catedral de Roma, a Basílica de São João de
Latrão. E em seguida será aberta a Porta Santa nas outras Basílicas papais, e
estabelece que todas as outras igrejas particulares, em unidade com Roma façam
o mesmo gesto.
"Derrubadas as muralhas que, por
demasiado tempo, tinham encerrado a Igreja numa cidadela privilegiada, chegara
o tempo de anunciar o Evangelho de maneira nova. Uma nova etapa na evangelização
de sempre. Um novo compromisso para todos os cristãos de testemunharem, com
mais entusiasmo e convicção, a sua fé. A Igreja sentia a responsabilidade de
ser, no mundo, o sinal vivo do amor do Pai."
Esse tempo
favorável intitulado pelo Papa Francisco como o tempo em que se estarão abertas
a Porta da Misericórdia, ou seja, o Ano Jubilar, terminará na solenidade litúrgica
de Jesus Cristo, Rei do universo, 20 de Novembro de 2016. Naquele dia, ao
fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de gratidão e
agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário
de graça.
No
entanto, não se encerra a abertura da Igreja à misericórdia, nesse novo tempo
que se inaugurará com a festa litúrgica de Cristo Rei “Confiaremos a vida da
Igreja, a humanidade inteira e o universo imenso à Realeza de Cristo, para que
derrame a sua misericórdia, como o orvalho da manhã, para a construção duma
história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo. Quanto desejo
que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de
todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus! A todos, crentes e
afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já
presente no meio de nós.”.
É citada as palavras de Santo Tomás de Aquino, nas quais mostram de modo especial, como a misericórdia divina não deve, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da omnipotência de Deus. “É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência.” Quando age com misericórdia, não se diminui, de forma nenhuma, o seu poder e omnipotência, mas antes, a misericórdia é a manifestação maior de seu poder.
Em suma, a misericórdia de Deus não
é uma ideia abstracta mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu
amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao
mais íntimo das suas vísceras. É verdadeiramente caso para dizer que se trata
de um amor « visceral ». Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural,
feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão.
O texto ainda discorre sobre os diversos eventos na vida pública de Jesus onde é manifestada claramente a ação da misericórdia do pai através de seu filho. O Cristo redentor dos pobres, que cura os doentes, devolve as vistas ao cego, liberta os cativos e proclama o ano da graça do Senhor. “Em todas as circunstâncias, o que movia Jesus era apenas a misericórdia, com a qual lia no coração dos seus interlocutores e dava resposta às necessidades mais autênticas que tinham.”.
"Na Sagrada
Escritura, como se vê, a misericórdia é
a palavra-chave para indicar o agir de Deus para conosco. Ele não
Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável.
Aliás,
o amor nunca poderia ser uma palavra abstracta. Por sua própria
natureza, é
vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se
verificam na actividade de todos os dias."
O
Papa, atual São
João
Paulo II, é
lembrado na bula por seu ensinamento enfático a respeito
do retorno da Igreja ao conceito de misericórdia, para João
Paulo II a sociedade atual parecia ter medo e por consequência
repudiar a figura do Cristo misericordioso. Lembrado isso, papa Francisco adverte
que a temática
da misericórdia
deve ocupar um espaço privilegiado na ação
pastoral.
"A primeira
verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai
até
ao perdão
e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por
isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser
evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias,
nas comunidades, nas associações e nos movimentos –
em suma, onde houver cristãos –, qualquer
pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia."
Para
o bom êxito
das experiências
do Ano da Misericórdia, entraram no itinerário
com maior ênfase
à
Quaresma como tempo forte para o exercício do jejum,
da oração
e da caridade, inspirado pelas palavras do profeta Isaías:
"O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti. Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: “Aqui estou!” Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. O Senhor te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas inesgotáveis »" (58, 6-11).
Também
é
citado no itinerário do Ano da Porta da Misericórdia
a iniciativa “24
Horas para o Senhor” que será celebrado no
IV Domingo da Quaresma, essa atividade que apresentou muitos bons frutos em sua
primeira edição,
deve ser assumido com ainda maior ênfase nas
dioceses, e os sacerdotes como confessores devem ser os Missionários
da Misericordia, para tratar os fieis com misericórdia e enviá-los
a serem também
misericordiosos.
A
mensagem de acolhimento para aqueles que estão afastados da
casa paterna, com base na misericórdia, é
inspirada na pessoa do Cristo que convida à mudança
de vida, “Para
o vosso bem, peço-vos
que mudeis de vida. Peço-vo-lo em nome do filho de Deus que,
embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador.”
No
texto, a desgraça
da corrupção
não
deixara de ser pautada no documento papal, a esse mal se disse: “A
corrupção
impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a
sua prepotência
e avidez, destrói
os projectos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal que se
esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos
públicos.
A corrupção
é
uma contumácia
no pecado, que pretende substituir Deus com a ilusão
do dinheiro como forma de poder.” O mesmo convite
à
mudança
de vida deve ser estendido à essas “pessoas
fautosas”
com a mesma noção
conceitual, condenando o pecado e não o pecador, e
dispor do que dizia São Gregório Magno “Corruptio
optimi péssima”.
O que não
se combate abertamente, mais cedo ou mais tarde torna-nos cúmplices e destrói-nos
a vida.
A
vivencia plena da festa do Ano Jubilar da Misericórdia atrai a
indulgencia, esta que adiquire uma relevância particular,
pois o perdão
de Deus não
conhece limites, pois por sua morte e ressurreição destrói
o pecado. O documento evoca reflexão de que a misericórdia
possui uma valência
que ultrapassa as dimensões de fronteiras da igreja, nas religiões
tradicionais e milenares, o judaísmo e o
islamismo que a consideram um dos atributos mais marcantes de Deus. Israel foi
o primeiro que recebeu esta revelação, por isso que
o antigo testamento está recheado de citações
referentes à
misericórdia
que narram as obras do Senhor em favor de seu povo.
Por
fim, o documento papal conclui sua reflexão trazendo à
mente a figura materna da Igreja, a Mãe da Misericórdia,
a doçura
do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo Jubilar, para podermos todos nós
redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguem como Maria conheceu a plenitude
do mistério
de Deus feito homem.
"Dirijamos-Lhe a
oração,
antiga e sempre nova, da Salve Rainha,
pedindo-Lhe que nunca se canse de volver para nós os seus olhos
misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia,
seu Filho Jesus."
Um ótimo intinerário para todos!
Um ótimo intinerário para todos!
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