A partir das novas técnicas da
arqueologia moderna, muitos escritos antigos estão sendo descobertos a cada ano,
antigos pergaminhos, correspondências, inscrições em pedras, túmulos e outros
gêneros da literatura cristã primitiva. Dentre eles estão os mais conhecidos
como os evangelhos apócrifos dos apóstolos; Tiago considerado como
Proto-evangelho, o de Tomé, o de Felipe, o evangelho gnóstico de João, e o
evangelho de Maria Madalena. Escritos como esses tem levantado muita discursão em
diversos setores, o que paira no ar praticamente como sendo de senso comum é a
seguinte pergunta: Já que existiram tantos outros evangelhos por que a Igreja escolheu
como canônico apenas quatro evangelhos? E por que foram esses evangelistas? Não
poderia ter sido o de Maria Madalena, por exemplo?
Não quero comentar aqui as motivações
que levam à tais questões, quanto a isso poderemos elaborar depois um artigo
especificamente sobre isso, comentando por exemplo a pressão que movimentos
feministas exercem sobre a Igreja no intuito de aceitar a hipótese de se ter
Maria Madalena como uma “evangelista”, fato que representaria um prestígio
maior para o gênero feminino. Vamos direto à questão dos quatro evangelhos, e
os fundamentos dos quais se justificam suas escolhas como evangelhos canônicos.
A escolha dos quatro evangelistas se
baseia na visão de Ezequiel (Ez 1,10) que deixa bem claro que só podia ser
quatro evangelhos. Sobre os quatro seres vivos, quando esse viu a Glória de Deus sobre um carro (merkabah). E o carro
tinha quatro rodas imensas que iam da terra ao céu. E em cada roda havia uma
figura: a de um anjo, a de um leão, a de um boi, e a de uma águia. Tais rodas,
que iam da terra ao céu, representam os quatro evangelhos, cujas verdades são acessíveis
até mesmo às pessoas mais simples (ao nível da terra), dizia o professor
Orlando Fedeli (2000), e a mesma verdade, girando a roda, alcança o alto dos
céus, isto é, podem ser entendidas em sentido muito elevado e espiritual, pelos
mais excelsos teólogos.
Os
evangelistas são simbolizados nos quatro animais referidos. São Mateus é
simbolizado pelo anjo com rosto de homem, porque seu Evangelho se preocupa em
comprovar a natureza humana de Cristo, enquanto São João (a águia) se preocupa
em comprovar a natureza divina de Cristo Jesus. São Marcos é representado pelo
leão, porque ele começa seu Evangelho falando da pregação de São João Batista
no deserto da Judéia. Ora, o leão vivia no deserto, e a pregação de João foi
como um rugido de leão. Ele quer mostrar Cristo como soberano, como rei. E o
leão é o rei dos animais, enquanto São Lucas tem em vista demonstrar o caráter
sacerdotal de Cristo. Daí ter como símbolo o boi, animal sacrificado no Templo.
São Lucas é
representado pelo boi, o qual era o animal sacrificado no Templo de Jerusalém.
Ora, São Lucas fala, logo no início de seu Evangelho, da apresentação de Jesus
no Templo. A águia é o símbolo de São João, porque ele começa seu Evangelho
falando da geração do Verbo em Deus, alçando-se desde o começo a alturas
divinas, como a águia que se eleva em seu vôo.
Os livros
apócrifos são aqueles livros que foram escritos pelo povo de Deus ainda nos primórdios
do cristianismo, mas que não foram considerados pelo Magistério da Igreja como
sendo revelados pelo Espirito Santo, portanto não são canônicos, ou seja não
fazem parte do canôn, o índice dos livros da Bíblia Sagrada. Alguns deles
possuem visões fantasiosas a respeito da pessoa de Jesus e de seus
ensinamentos, sem contar que alguns possuem até heresias gnósticas, como é o
caso do evangelho de Tomé, que prega a fantasia herética de que Jesus havia
pregado a não necessidade da Igreja, “O reino de Deus está dentro de ti
e à tua volta, não em construções de madeira e pedra”, frase que
ficou famosa no filme “Estigma”. O fato de estes livros não serem canônicos não
quer dizer que sejam “amaldiçoados”, como afirmei acima, há esses que possuem
fantasias e até heresias, mas há também verdades históricas nesses livros
apócrifos, dessa forma podem ser importantes para os estudos, levando sempre em
consideração que a Verdade revelada de Jesus Cristo e sua Igreja, estão
contidas nos quatro Evangelhos, em São Mateus, São Marcos, São João e São
Lucas, outros livros históricos só podem contribuir nos estudos a partir de uma
leitura crítica e sistemática.
Destaco aqui
o evangelho de São Tiago, considerado como o proto-evangelho ou o Evangelho da “Natividade
de Maria”. O livro provavelmente não fora escrito por São Tiago apesar de levar
o nome do apostolo, mas por algum de seus seguidores nos primeiros séculos que
gozou de muito prestígio entre primeiros cristãos como São Clemente de
Alexandria, São Justino e Orígines e influenciou muito na liturgia e nos
estudos da Mariologia da Igreja. O livro traz importantes informações sobre os
pais de Maria Santíssima e o seu nascimento imaculado, sua consagração ao
templo, o casamento com José, o nascimento de Jesus e outros acontecimentos
importantes de nossa fé, de vista por outro ângulo. O evangelho se destaca também
pela peculiar relação de proximidade com os quatro evangelhos canônicos. Click aqui e baixe o arquivo contendo os principais evangelhos apócrifos citados
nesse artigo.
Referencias e fonte de pesquisa:
SÃO TIAGO, Protoevangelho - Cap. V, Cap. IX, Cap. XIV.
SÃO TOMÉ, O Evangelho "Q", (Quelle - Fonte)
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=doutrina&artigo=20040728170341&lang=bra
http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-que-sao-livros-apocrifos/
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