Cardeal
Gerhard Müller sai em defesa da família: “A diferença entre homem e
mulher é uma realidade positiva porque reflete a vontade de Deus na
criação”.
A Congregação para a Doutrina da Fé foi a principal responsável pelo colóquio internacional e inter-religioso
Humanum, que, por três dias, falou sobre a complementaridade de homem e mulher no casamento.
O prefeito da Congregação, Cardeal Gerhard Müller, falou com o Register
no dia 18 de novembro, perto do fim da conferência, para avaliar como o
encontro foi conduzido, discutir o que mais pode ser feito para
defender o matrimônio e prever como o colóquio poderá complementar o
Sínodo dos Bispos sobre a família.
National Catholic Register: Como aconteceu esse colóquio? Ele correspondeu às suas expectativas?
Cardeal Müller: Ele tem ido muito bem até agora. Todas
as nossas expectativas foram correspondidas e até superadas! É algo
extraordinário que tantas comunidades cristãs e 14 religiões do mundo
possam se reunir para dar testemunho de convicções básicas a respeito do
matrimônio. Mesmo vindo de diferentes tradições, entendimentos,
categorias e concepções, houve uma notável unidade sobre a natureza do
matrimônio.
(...)
O que todos nós compartilhamos é um ponto de referência comum na
natureza humana, o essencial da existência humana e o relacionamento
entre homem e mulher como uma célula, como um ponto de partida para o
bem do casal e também das crianças.
(...)
Register: Parece estranho que essa conferência não
tenha acontecido antes, que não tenha havido essa ênfase no matrimônio,
dado que ele tem estado sob constante ataque pelos últimos 50 anos.
Você gostaria de ter visto um evento como esse acontecer mais cedo?
Müller: De fato! Durante este período de mais de um
ano em que estivemos preparando o colóquio, nós na Congregação para a
Doutrina da Fé ouvimos várias vezes: “Isso é novo” ou “Nós nunca fizemos
algo assim antes!”. Talvez esse evento devesse ter acontecido antes,
mas agora a crise que enfrenta a família aguçou o nosso senso para o
quanto esse tipo de testemunho internacional e inter-religioso é
necessário.
O modo como a família é desvalorizada ou ameaçada em vários lugares é
como estar à beira de um precipício. Nós devemos parar – e não dar o
último passo, que não tem volta. Nos ataques ao matrimônio enquanto
união complementar entre homem e mulher, estamos vendo como que um
suicídio da própria humanidade, especialmente no Ocidente secularizado –
na Europa, nos Estados Unidos, na América do Norte. A diferença entre
homem e mulher é uma realidade positiva porque reflete a vontade de Deus
na criação, e a vontade de Deus é boa e visa o desenvolvimento humano!
Register: O que pode ser feito, além de uma
conferência como essa, para que a maioria silenciosa seja ouvida e para
reagir à minoria falante que tenta redefinir o casamento?
Müller: Isso é fundamental. Muitas pessoas têm dado
ênfase aos esforços para redefinir o matrimônio ou têm focado os
problemas na família. As pessoas pensam que o relacionamento entre homem
e mulher é discutido todo o tempo... mas não é. A discussão é sobre
sexo ou relações fracassadas, mas não sobre por que homem e mulher foram
designados para viver juntos ou como eles complementam e completam um
ao outro. É nisto que a vasta maioria das pessoas está interessada: em
como tornar o seu casamento melhor, mais forte, mais satisfatório e
vivificante.
A maioria silenciosa até agora não entendeu o que está acontecendo na
sociedade ou tem sido silenciada pelo uso da palavra ‘discriminação’,
aplicada àqueles que querem defender a família tradicional. Mas não
podemos dizer que a relação básica entre homem e mulher é apenas um
produto social ou cultural, um ‘presente’ de um governo ou um constructo
humano. Mais do que isso, ela é uma base. Do mesmo modo, dignidade
pessoal e liberdade não são produtos sociais e culturais, mas estão
inscritos na nossa própria natureza, como homem e mulher, criados à
imagem de Deus.
As crianças, também, não são um produto da sociedade ou um mero objeto
do Estado, do governo. Os governos não podem substituir a
responsabilidade primordial dos pais para os seus filhos, nem negar às
crianças o direito de crescer com uma mãe e um pai.
Register: Em seu discurso, você falou sobre homem e
mulher caminhando rumo ao divino, por meio do casamento. Você pode
falar mais sobre isso?
Müller: Na tradição católica, o matrimônio é baseado
na criação, e essa criação expressa a vontade de Deus. Na história da
salvação, Deus enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, que é a vontade de Deus
encarnada, para a nossa salvação. Em Cristo, o estado natural do
casamento, o vínculo natural entre homem e mulher no matrimônio, é
elevado a um sacramento, a um sinal e instrumento de Sua graça e de Sua
própria relação com a Igreja.
O vínculo de unidade entre o homem e a mulher que se amam, no
matrimônio, é expresso pelo amor de Jesus Cristo à Sua Igreja. E esse é
um amor de doação, um amor crucificado: que poder há no sagrado
matrimônio dos cônjuges para realmente perceber que eles estão diante de
um meio, um instrumento, não só para a própria santificação, mas para a
divinização de todas as pessoas que entram em contato com o amor divino
da Trindade através de sua vida de casados.
FONTE: National Catholic Register
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