Pular para o conteúdo principal

O ESPÍRITO SANTO E O FOGO



Imagem

O Espírito Santo é a alma da Igreja, e alma podemos entender aqui neste contexto como o centro e a centralidade de tudo, como a suma importância e sobrevivência da Igreja. Como um motor que gera energia das maquinas, o Espirito gera a força que faz a Igreja se mover na história rumo à eternidade. Não podemos conceber a existência humana senão pelo mover do Espírito, assim como é impossível pensar em busca pela felicidade sem a presença de Deus. 

Uma das figuras que representam a pessoa do Espírito Santo que eu mais me identifico é o Fogo, não simplesmente por nos remeter às “Línguas de Fogo de pentecostes”, mas pela beleza e significância do fogo. Segundo os estudiosos da filosofia e da história o fogo foi a maior descoberta do ser humano, foi só a partir do instante em que o homem começou a produzir, cultivar e manusear o fogo é que se deu inicio à experiência da convivência humana e do contato físico uns com os outros. Os homens se reuniam frente ao fogo para se alimentar e se aquecer do frio. O fogo era capaz de reunir os guerreiros e caçadores primatas num mesmo lugar. Também para os cristãos do primeiro século e ainda hoje, fogo tem o seu espaço significativo, sendo constantemente utilizado nas simbologias dos cultos e rituais litúrgicos. O mesmo fogo que queimava os pecados do fiel era o fogo que os reanimava e tornava capaz de reunir os filhos de Deus ao redor da mesa eucarística e das celebrações. Esse Fogo do Espírito ilumina as trevas de nossa escuridão e nos faz enxergar ao longe e além do que os olhos podem mensurar. 

A partir do movimento da Renovação Carismática o fogo retomou uma nova notoriedade dentro da simbologia católica, sendo diretamente ligado ao Espírito Santo e à experiência de pentecostes. O Fogo santo do Espírito é essa ação de Deus capaz de reavivar a nossa chama e nos dá um novo ardor missionário e uma experiência renovada da espiritualidade, da fé, dos dons e dos sacramentos.

Podemos entender que os discípulos em Pentecostes estavam reunidos no mesmo lugar (At 2, 1ss),  ao redor dos seus medos de suas angustias e decepções. Quando estamos com medo, ficamos frágeis e expostos. O medo nos destrói e nos faz estacionar frente à caminhada da vida, assim encontravam-se os discípulos naquele pequeno cenáculo, talvez reclamando da ausência de Jesus, talvez comentando das dificuldades de andar pelas ruas de Jerusalém sem ser reconhecidos e perseguidos como seguidores daquele Cristo que fora crucificado. Era necessário que algo extraordinário acontecesse naquela tarde, senão seria ali mesmo o encerramento da Igreja. Iriam decidir parar por ali, antes que outros discípulos também acabassem sendo crucificados por pregar outra religião diferente da oficial do império romano.
“De repente veio do céu um ruído como de um sopro de um vento impetuoso que encheu toda a casa onde estavam. Apareceram-lhes uma espécie de línguas de Fogo, que se repartiam e sobre eles repousaram”.  At. 2, 1-8

As línguas de Fogo não eram meras figuras ilustrativas para o cenário daquela reunião, era a força do céu que o próprio Jesus lhes havia prometido afim de que se tornassem as suas testemunhas em Jerusalém e toda a Judéia até o confins dos tempos. Vocês já repararam como o fogo tem um poder avassalador sobre uma floresta? Nada o segura, ele segue o seu percurso consumindo tudo que tem pela frente. O Espírito de Deus ao mesmo tempo em que é a força, ele produz em nós essa força.

Você quer receber esse Fogo hoje? Tem desejo de ser consumido pelo Fogo abrasador do Espírito? Veja bem, para que esse fogo faça toda a sua proeza é necessário ser alimentado, uma chama não se mantém viva e acesa senão for alimentada com os comburentes e combustíveis necessários.

ALIMENTANDO O FOGO

Tive uma infância difícil, com muitas privações e muito trabalho para ajudar no sustento da casa, morava em um bairro próximo à uma mata, casa simples e não havia fogão a gás e toda a alimentação de toda a família era feita em fogareiro improvisado. De tempo em tempos tínhamos que subir a serra em busca de lenha para manter o fogo aceso. E o fogo também neste contexto era a própria sobrevivência, pois estava diretamente ligado à alimentação, ao banho e outras necessidades básicas. 

Lembro-me como se fosse hoje, era um sofrimento a cada feixe de lenha que trazíamos pra casa, o peso que carregávamos os pedregulhos e espinhos que pisávamos, sem contar dos perigos eminentes de escorpiões e cobras peçonhentas! Muitas das vezes era preciso mais de uma viagem, pois a família era muito grande, daí o sofrimento e os perigos eram dobrados! Não é fácil sustentar o fogo e manter a chama acesa, é preciso renuncias e sofrimentos. Não é fácil se manter esse fogo avivado o tempo todo, requer esforço. 

Certa vez perguntaram-me como eu fazia para me manter avivado, e eu me lembrei de como fazíamos pra não deixar a lenha acabar em casa, daí respondi que era necessário passar pelas provações dos espinhos, fugir das serpentes e trazer a lenha pra casa todos os dias, custe o que custar. A lenha é a oração, as práticas devocionais e a vida sacramental. A oração é a constância que nos torna vivos. A oração é a lenha que sustenta o fogo do Espírito aceso dentro em nós. Os perigos da mata, as cobras e animais peçonhentos são as privações que tentam roubar a nossa perseverança e nossa intimidade com Deus. Costumo dizer que a provação é o termômetro da unção de Deus em nós, quanto mais somos provados e perseveramos mais Deus dispensa a sua graça sobre nós e nos torna capazes de derrubá-las. Parecia que as melhores lenhas, os melhores troncos eram os que estavam mais distante e mais escondido. Era preciso avançar mata adentro para consegui-las

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SÃO FILOMENO OU SÃO GENÉSIO: O SANTO PALHAÇO

Em 287 da era cristã, o Imperador Diocleciano – grande perseguidor de cristãos – baixou uma lei que deveria ser cumprida imediatamente: todos os cidadãos deveriam prestar homenagem pública aos deuses pagãos. Foi quando um cristão rico e pragmático acreditou ter encontrado uma saída para fi car bem com Deus e com o Imperador. Resolveu contratar o mais famoso dos stupidus , Philemon, emérito imitador, para representar uma farsa: ir até o templo, substituindo-o, e lá cumprir as obrigações com os deuses em seu nome. O palhaço disfarçou-se com perfeição e já ia começar seus rituais quando, de repente, dá um grito: “Não o farei!” Todos se espantam, e imediatamente ele é reconhecido. Alguém rindo diz: “É Philemon, o stupidus !” E logo todo o templo começa a rir da mais nova piada do palhaço. Mas não, não era uma piada. Philemon recebera a graça divina e acabara de se converter. Tomado pela fé no Deus único, continua gritando que jamais prestaria homenagem aos falsos deuses...

SÃO DOMINGOS E OS DOMINICANOS (DOMINI CANES): "OS CÃES DE GUARDA DA FÉ CATÓLICA"

                                                                          A Igreja Católica comemora no dia 08 de Agosto a festa litúrgica de São Domingos de Gusmão o fundador da Ordem dos pregadores, (os Dominicanos). O São Domingos está entre os santos mais populares da Igreja Católica, porem o que poucos sabem é sobre a origem semântica do nome da Ordem dos Dominicanos por ele fundada. Há quem acredite, como esse que vos fala, que o nome Dominicano venha de uma derivação do nome de seu fundador Domingos, como acontece geralmente em outras congregações católicas, Franciscanos de São Francisco, Agostinianos de Santo Agostinho...

VOCALISTA DA BANDA DE FORRO LIMÃO COM MEL, BATISTA LIMA, SE CONVERTE AO CATOLICISMO!

Toda semana vamos tentar postar aqui testemunho de homens e mulheres famosos que tiveram suas vidas tranformadas pela palavra de Deus, através da igreja católica, vamos começar com esse jovem dono de uma voz maravilhosa e de uma notável criatividade. Batista Lima, vocalista da Banda Limão com Mel . Batista Lima é o nome do jovem talentoso, personagem desse belo testemunho de encontro com Deus e restauração da família. Do sobrenome Lima nasceu o nome da banda de forro Limão com Mel, banda pernambucana de grande sucesso. A banda surgiu em 1990 e ganhou notoriedade ao incrementar instrumentos exóticos que até então não eram muito comuns nos estúdios da época. No inicio a banda cantava vários estilos musicais, até que em meados de 1993 decidiram pelo forro, devido a grande aceitação do publico. O grupo tem em suas letras e arranjos influencias musicais nos mais diversos estilos e bandas; Roberto Carlos, Zeze de Camargo e Luciano, Roupa Nova são alguns exemplos. A banda alca...