Antes de tecer a primeira frase desse texto quero ressaltar que sou completamente contra a violência em todos os aspectos, nada justifica uma agressão física, e nem se houvesse justificativa, eu ainda seria desfavorável à violência. Porem caríssimos, o que me assusta são esses projetos de leis que são elaborados em cima de uma ilusão imediatista, que trata a superfície do problema sem considerar a sua essência e a raiz de fato, sem contar os parágrafos e fragmentos recheados de ambiguidades, que nem é preciso ser um linguista, ou um gramático para perceber que na verdade escondem outros interesses por traz da lei.
Infelizmente vocês políticos parecem
perderem a noção clássica do significado de suas funções, político vem do grego
Politiká, uma derivação de polis, não
vou me ater à detalhes semânticos, alguns de vocês estão carecas de saberem
disso. Político seria aquele que deveria se ocupar com a “polis”, aquilo que
designa o que é público. Em outras palavras o político deve se ocupar com a
cidade, em termos gerais a função política seria muito mais ampla do que
o que temos visto de homens e grupos que fazem uso do sistema político para o
bel prazer e o uso comum do próprio umbigo. A violência deve ser tratada
pelos setores responsáveis, ou seja, com cadeia e punição pesada para os
violentos e educação de qualidade, ressaltando valores morais e éticos, tão
escassos na sociedade de hoje, para os que estão em processo de aprendizado.
Dessa forma, é possível remediar o que
já está “perdido”, e tratar o futuro para que não haja outros incidentes.
A titulo de exemplificação
caríssimos, sou professor de Português, formado em Letras e pós Graduado em
Gestão de Políticas Públicas, trabalho na educação em vários aspectos,
primeiramente na educação dos meus filhos e como catequista na comunidade
católica dentre outras atividades na sociedade em geral. Minha esposa é
estudante de Engenharia, e atualmente não está trabalhando fora, se dedica na
formação dos nossos dois filhos, Analice de 05 anos e Miguel de 03 anos. Nunca
precisamos levantar a mão para um de nossos filhos, acreditamos
que a amizade e o companheirismo dentro da família, valem muito mais e inspiram
confiança, porem mesmo tomando essa atitude, eu não negligencio que às vezes o pai e
a mãe precisam ser um pouco mais enérgicos e usarem de umas boas palmadas para discipliná-los.
No
referido projeto de lei, recentemente aprovado, há previsão de medidas como encaminhamento para tratamento psicológico ou
psiquiátrico, (hospício na linguagem do SUS), ou cursos de reorientação para
pais que agredirem os filhos, além de receberem advertência, a matéria não especifica que tipo de
advertência pode ser aplicada aos responsáveis. Porem,
caros parlamentares, uma das ambiguidades linguísticas está justamente nesse quesito,
o que vão considerar como agressão física ou psicológica, num Brasil que na
atual conjectura, está caminhando para considerar o simples fato de levar um
filho à igreja numa missa ou culto religioso já é violência quanto a sua
liberdade de crença? ou pelo simples fato de dizer ao filho que naturalmente
homens se casam com mulheres e mulheres se casam com homens, e tem sido assim
desde a Grécia antiga, já é considerado violência contra a sua liberdade
sexual?
Quanto à
palmada, que apesar de ser uma questão delicada por ser passivo de excessos,
como qualquer outra disciplina, tenho como referencia o livro de Eclesiástico,
que trata-se de um dos livros sapienciais mais antigos da era judaico-cristã, é
um livro, antes de ser sagrado para o catolicismo, é milenar, onde relata
alguns dos costumes e orientações antigas do judaísmo. No capitulo trinta, o ancião
da comunidade orienta que a palmada, antes de ser uma apologia à violência
domestica, é usada por aqueles que amam o filho é quer direciona-lo no caminho da
justiça ainda na mocidade, para que não desvie quando forem adultos (Eclo.
30,1). Alguns
casos de abuso de autoridade dos pais, como eu disse anteriormente, devem ser
tratados pela justiça, com cadeia e punição severa. Para isso o serviço de disk
denuncia precisa ser divulgado e incentivado nas comunidades para que haja
menos vítimas e mais agressores sejam punidos, mas esse fato, que felizmente deve
ser tratado como uma excessão, não deve servir de argumentos para que o estado
interfira no direito da família de educar o filho, como disse, eu não precisei
dar palmadas em meu filho, mas se algum dia for necessário uma atitude um pouco
mais enérgica, eu não quero correr o risco de ser condenado ao hospício.
Para
concluir minha exposição, ainda que eu tenha a impressão de está falando para
as paredes, pois dificilmente os senhores leriam uma carta de um “zé ninguém”, eu
diria que essencialmente a referida lei Menino Bernardo, não se trata apenas de
algumas palmadas que os pais regularmente dão ao filho, trata-se de mais uma
intromissão direta e ilegítima do estado
na vida familiar. E desculpem-me a desconfiança, mas enquanto esse mesmo estado
new leviatã, não prover uma educação de qualidade, com salários justos aos
professores, uma segurança pública que me dê o mínimo de segurança, eu vou
sempre interpretar como uma ação superficial com interesses ocultos.
Ah,
me esqueci de comentar sobre a presença da rainha dos Baixinhos no
plenário da câmara, onde posou para aquela ingênua pose de coraçãozinho na última reunião, que fora
interpretado por um dos parlamentares como "um fio de luz" pra iluminar a
discussão sobre os possíveis acordos, e o fato de ser ela a embaixadora
do projeto de lei, mas eu prefiro deixar a cargo dos senhores verificar
em sua própria biografia que está amplamente disponível pelo fato de
ela ser uma figura pública e o seu passado ter uma certa incoerência com
a causa a que defende hoje.
“Claudio Roberto da Silva: Blog Cantina
Literária. Dedico esse texto à saudosa "reguada" que levei de uma professora negra, forte
e robusta, a partir daquele dia aprendi uma lição que foi muito mais
além das Ciências e os Estudos Sociais.”
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