Testemunho:
No ultimo período da faculdade de
Letras comecei a estudar afinco a literatura brasileira, e me saltou aos olhos
os escritos poéticos de padre Anchieta e os sermões de padre Antonio Vieira,
confesso que tal literatura me colocou novamente no eixo, visto que ao longo
dos quatro anos frequentando a academia percebi que me afastava cada vez mais
da fé para me aproximar da razão e com isso a espiritualidade estava cada vez
mais distante de minha agenda. Lembro até de ficar enciumado quando nesse
período ouvi rumores de que padre Antonio Vieira seria canonizado, eu dizia aos
colegas acadêmicos, “é um absurdo a Igreja canonizar Antonio Vieira, ele não é mais
da Igreja, ele é da literatura!”. Cheguei até a liderar um fórum de discursão
sobre o assunto.
Conclui minha graduação, e o meu
interesse aumentou por Anchieta e Antonio Vieira, seus sermões e poesias iluminavam
a minha inteligência e revificava minha fé. Era como se o próprio Antonio Viera
gritasse aos meus ouvidos um dos fragmentos de seu famoso sermão de quarta
feira de cinzas “Enfim, senhores, não só havemos de ser pó, mas já somos pó!”. Os escritos elaborados com toda maestria
por padre Anchieta e riqueza de conteúdos teológicos dos sermões de Antonio em
suas poesias cinematográficas que sempre inseria o índio na construção do
cenário da salvação do mundo, era uma espécie de
combustível para que eu entendesse que é possível conciliar a fé e a razão, e
que pra ser um intelectual não necessariamente temos que romper com a fé ou o transcendente.
Quando
achamos que podemos questionar algo, e de fato o podemos, não devíamos nos esquecer
de que nós e nossos argumentos somos apenas uma pequena partícula do difícil
processo de entender a vida. Antonio Vieira, ainda nesse sermão ilustra que o
que nos difere uns dos outros é o mesmo que difere o pó do pó. “Os vivos são pó
levantados e os mortos são pó caídos. Os vivos são pó que andam e os mortos
são pó que jaz”. Que São José de Anchieta e padre Antonio Vieira interceda e
atraia mais santos para a terra de santa cruz.
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