ARTIGO DE OPINIÃO:
Claudio Roberto da Silva, graduado em Letras e especializado em Gestão Pública em Política de Gêneros e Étno/Raciais
Dizia o rapper Gabriel o pensador
“o racismo é burrice, mas o mais burro é
quem pensa que racismo não existe”. Foi a frase que me veio à memoria ao
ver a velha mídia sublinhar a noticia de
“um ator preso injustamente...” e simplesmente ignorar que no mínimo há implícito um
problema racial na questão que merece ser também discutido.
Em nossa pátria é de praxe ouvir
logo após uma piada, dessas sem graça e de muito mau gosto, diga-se de passagem,
a afirmativa “eu não sou racista!” ou então “olha é só uma piadinha, eu também sou
negro, veja a cor da minha pele!”. O problema é que muitas vezes essas anedotas
escondem uma realidade muito triste que tem feito vítimas desde os tempos do
Brasil colônia. São questões sem respostas que adentram séculos e mais séculos de
nossa história, e é isso que faz a piada perder a graça até mesmo antes de ser
contada.
Mas a pergunta é a seguinte, e eu
vou entender se você, caro leitor, não souber responde-la: “Por que ainda é tão
forte o preconceito contra negros no Braisl?” “Por que em pleno século XXI
ainda têm negros por aí sendo confundido com bandidos, ora sendo questionado
pela polícia só pelo fato de ser negro ou de usar o cabelo estilo Black Power e
etc tal?”
Me perdoem a franqueza, não é de
costume usar desse tipo de abordagem em meus textos, mas cá entre nós, será que
em nenhum momento passou pela cabeça do policial que aquele jovem poderia não
ser o autor do crime? Qual fora o critério usado para ir logo chaveando as
algemas? Será que a polícia esta preparada para enfrentar situações confusas
para que outros inocentes não sejam outras vítimas? A sentença fora dada sem
levar nada em consideração além do depoimento da copeira que muito nervosa e
assustada afirmara que o cabelo dele era o mesmo do ladrão que levara seus
pertences.
Mas como dizia uma filósofa por
aí “cada um no seu quadrado”, eu sou um escritor/blogueiro, minha competência é
a literatura, políticas publicas e um pouco de teologia e filosofia cristã, e sinceramente
não tenho conteúdo teórico para discutir o Direito Civíl, mas acima de tudo sou
um cidadão e tenho o direito de expressão e de questionar, e é por isso que o
faço, porem a motivação maior para eu escrever esse artigo e postá-lo aqui,
fora a justificativa da copeira que afirmara que instante depois do seu
depoimento já não tinha mais certezas se realmente era Vinícius Romão de fato o
delinquente que a roubara.
Ela disse em sua declaração que
ficou com dúvidas, mas não tinha o dinheiro (R$ 2,75) para pagar passagem e ir
à delegacia para retirar a queixa. Essa declaração deixou muitas mentes
embaraçadas. O economista Rodrigo Constantino, por exemplo, poderia filosofar com
os seus números “quanto realmente vale R$2,75?”. Os humanistas (dos direitos
humanos) ficaram em dúvidas se teriam pena do prisioneiro injustiçado que
estava privado de seu direito à liberdade, ou se teria pena da pobre senhora
que não tinha R$ 2,75 da passagem e não pôde ir à delegacia.
Cabe aqui um singela homenagem à
capacidade de perdoar que o jovem ensinou diante das câmaras, com a atitude de abraça-la
depois de tudo, virtude essa que é a mais nobre de todas as virtudes, mas o
fato é que se passaram 16 dias... eu nunca fiquei preso, mas posso afirmar que
esses 16 dias e 15 noites foram lhe muito caro...
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