Testemunho:
Resolvemos com alguns amigos
subir à periferia de nossa cidade na véspera das festividades do Natal de 2009
para entregar cestas básicas às famílias carentes e aproveitarmos o espirito
natalino para refletirmos juntos, a palavra de Deus e a oração. Foi nesse clima
que tive o privilégio de conhecer dona Argentina, uma simpática senhora dos
seus 72 anos muito bem vividos e aparentados. Havíamos entregado todas as
cestas básicas e aquele pequeno casebre feito de lixa e pedaços de madeira era
o nosso destinatário final naquela tarde de sábado. Fomos acolhidos com muito
carinho e simplicidade pela senhora, dona de um sorriso distante e um olhar
sereno, as suas muitas rugas era o flagrante vivo do sofrimento que as
injustiças de um sistema econômico brasileiro falido não a pouparam.
Num instante de repente, entre um
café e um dedo de proza, fui motivado pela alegria da gentil senhora e sua
espontaneidade, que chamei num canto os amigos e combinei juntar com eles algumas
provisões para comprar-lhe um presente e o trazer na semana seguinte.
“– Dona Argentina, a visita em sua casa muito
nos alegrou, estou disposto a dar à senhora um presente de Natal, o que a
senhora quiser ganhar, peça qualquer coisa que providenciaremos e lhe traremos
na próxima semana.”
Eu estava certo que a pergunta
fora um tanto inusitada, e se a pobre senhora nos pedisse uma casa própria, por
exemplo, estaríamos em maus lençóis, visto que fora dito: “qualquer coisa”, sem
espaço para ambiguidades. Dona Argentina, com o mesmo sorriso nos lábios e sem
titubear nos respondeu na mesma clareza das palavras e verbos que conjugara ao nos
contar os sofridos causos de sua mocidade.
– “Oh meu filho, eu não preciso
de muitas coisas pra viver, apesar dessa simplicidade que você esta vendo que
eu vivo meu dia a dia, mas tem uma coisa que me dói o coração, ha mais de dois
anos eu não comungo por causa de minha dificuldade de locomoção para ir até a
Igreja... Neste momento uma teimosa lágrima lhe escapa aos olhos, e em seguida
continuou: - Tudo que eu mais queria nessa vida, era poder comungar de novo o
santíssimo sacramento, mas não consigo chegar à Igreja!”.
Na semana seguinte a providencia divina
nos proporcionou levarmos até ela o senhor Bispo diocesano Dom Odilom (Diocese
Itabira Coronel Fabriciano), que cuidadosamente lhe atendeu em confissão
aplicou lhe os sacramentos da unção dos enfermos e por fim a tão almejada
sagrada Eucaristia. Jamais vira um penitente tão sensível diante de Jesus
eucarístico como dona Argentina naquela tarde de sol escaldante, que passou a
receber Jesus em tempos intercalados até o ultimo dia, em que Ele próprio a
recebera para junto de si.
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