Na grande festa de Cristo Rei do universo,
celebrada nesse domingo (24) a Igreja encerra o ano litúrgico para inaugurar um
novo tempo, o Tempo do Advento, e também o ano novo da liturgia. Longe das
ostentações, fruto do pensamento mundano, o Cristo é exaltado como o supremo
Senhor do mundo e Rei da história. Essa figura de Cristo se difere daquele
“menino Jesus”, humilde e dependente que haverá de nascer numa manjedoura no
dia 25 de Dezembro, mas não para um mero e profano exibicionismo, mas para estabelecer
o kairós permanente.
“Glória in
excélsis Deo Et in terra pax homínibus bonae voluntátis.” A festa se inaugura
com as vozes dos penitentes juntando-se as vozes dos mesmos anjos que entoaram o
Gloria natalino. No rodapé do “Meu Missal Dominical”, Editora Vozes, edição
datada em 1959, traz uma referencia da escolha do mesmo Gloria natalino “Todos
afirmam agora associando –se aos anjos em noite de Natal, que só obteremos a
PAZ, quando os direitos de Deus forem reconhecidos.” Essa mensagem deve ser
observada sobretudo quando vivemos atualmente na era dos direitos humanos, na
desculpa de requererem os direitos do homem, a sociedade busca implementar um
novo e perigoso antropocentrismo. A Igreja com isso nos aponta uma condição
para termos a verdadeira paz, essa não virá através da política, não será a ausência
de guerra e de conflitos, e sim quando observarmos de fato os mandamentos de
Deus.
As leituras e salmo da sagrada liturgia fará com
maestria a ligação dessas principais temáticas, entre o Cristo Rei manifestado
aos pastores e reis magos em Belém, e o Cristo Rei manifestado na Cruz aos
ladrões e ao mundo. Os magos vieram dos quatro cantos do mundo presentear o Rei
do universo com ouro, incenso e mirra, esses prefigura a voz entusiasmada do
salmista: “Que alegria quando me disseram: ‘vamos à casa do Senhor! E agora
nossos pés já se detêm, Jeruzalém, em tuas portas.” (SL 121). O Rei do Universo
é também o pastor Universal, lembrado na primeira leitura com a figura de Davi,
Rei de Israel e pastor de Ovelhas (2Sm 5, 1-3), Jesus é o Rei do Universo e o Bom Pastor. O Apostolo
Paulo, aos Colossenses desenha a imagem do Deus invisível e supremo redentor de
toda a criação, o nosso redentor vive, “Ele é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação.” (Col 1, 15). Ele habita no meio de nós,
invisível mas nunca com menor plenitude. (v. 19).
O grande primor da festa litúrgica desemboca na
cruz, ao lado dos dois ladrões. Humanamente parece uma contradição, um rei
sendo humilhado na cruz, ao lado de dois malfeitores ( Lc 23, 35-43). A cruz
católica é o trono onde o Cristo exerce o seu poder régio sobre o mundo, o rei
que vence o pior inimigo de toda a humanidade, a morte. Todos os reis do mundo
tiveram ou terão um dia que entrega o
reinado por ocasião de sua morte, o Cristo Rei nunca o entregará, pois Ele,
somente Ele venceu a morte, dessa forma seu reinado nunca se encerrará.
Concluindo nossa reflexão, vale relembrar que na
festa de Cristo Rei também é homenageado o papel laico, ou seja, o dia do leigo.
É a sabedoria da Igreja que evidencia em meio a uma festa totalmente
cristocentrica a colaboração humana. O Cristo é Rei e conta com o nosso
apostolado para que esse reinado seja difundido em meio à sociedade, isso só se
dará quando formos cristãos fieis ao seus ensinamentos inseridos no mundo, na política,
na cultura, educação e outros.
“Ele dominará ... até os confins da terra. E
todos os reis da terra O adorarão; todas as nações O servirão” (GRADUAL)
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