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CARTA RESPOSTA AO TEXTO: "ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NOVAS COMUNIDADES."

O texto refutado foi postado no Blog da Associação Santo Atanásio. Confira na íntegra!

Fico impressionado com tamanha pobreza inteléctual de alguns textos que leio por aqui, não consigo entender como uma associação que carrega um nome tão forte como o de Santo Atanásio pode aceitar ser veículada em sua webpagina  um texto que se diz comprometido com a verdade e não tem ao menos o cuidado de apontar a problemática citando suas respectivas fontes e/ou referencias bibliograficas, visto que, segundo o autor o problema é de fato de extrema gravidade para os nossos tempos não poderia nunca se basear em algumas experiencias frustradas do autor. Com base no que pude averiguar o texto não passa de um desabafo, logo não mereceria uma resposta, mas em honra a Santo Atanásio tentarei sublinhar o que me pareceu mais agravante.

Diante de todas as falácias e argumentações questionáveis do autor sobre o assunto, destaco uma verdade fundamental que eu concordo plenamente. Voce disse que iria tentar algumas observações pontuais sobre os perígos das novas comunidades, de fato ha perígos a serem observados para não cairmos em erros, porem não somente nas novas comunidades mas em todas as esferas eclesiais. No proprio tradicionalismo que tem o meu apreço, há perigos terríveis e pra citar os exageiros fundamentalistas que vejo proliferar sobretudo pela internet que virou um salão paroquial desses chamados sofativistas católicos. Isso é normal acontecer e se de fato não tomarmos cuidado em podar os excessos o que é perigo tona-se em triste realidade (ex: de Tradicionalistas à sevacatistas e de sevacantista à conclavistas e etc.).

No inicio do periodo do monaquismo fundado por Santo Antão (251) muitos católicos, inspirados pelo estilo de vida monastica do santo passaram a viver a vida solitária a despeito de suas proprias criatividades, monges que procuravam viver isolados em arvores (monaquismos dentrita), monges que pra se santificarem  viviam empoeirados (Monaquismo estilitas) dentre outros absurdos frutos de uma boa intensão mas puramente de inspiração humana, foi preciso que São Basílio se levantasse como o grande organizador dos mosteiros do oriente, isso não foi da noite pro dia, duraram oitenta anos (BORGES & FRANCO, 2011. Pag 52) Veja que até mesmo o monaquismo citado pelo autor como modelo de vida eclesial tiveram os seus perigos, aliás o perigo é proprio de quem se envolve no processo. Quem se ocupa a apenas apontar o dedo não corre esse risco.

O único remédio é estar com a Igreja, está com os ouvidos sempre atentos ao que diz a Igreja, pois dizia Santo Hilário de Poitiers, considerado por seus paroquianos como o “Santo Atanásio” do ocidente que “foi sempre privilégio da Igreja vencer quando é ferida, progredir quando é abandonada, crescer em ciencia quando é atacada”. Veja que o santo sentencia que quando somos atacados com a Igreja crescemos em ciencia e sabedoria, é o que as novas comunidades e a RCC tem feito, ambos não têm uma teologia própria, não possui um posicionamento teológico específico como vários outros movimentos possuem, sua teologia está no Magistério, na Tradição e nas Escrituras. As novas comunidades devem sempre recorrer à Igreja para se fundamentar e a voz do papa é o seu posicionamento teologico, e se ainda ocorrem esses e outros exageiros por aí, em alguma comunidade ou grupo da RCC que esse site gosta de mostrar, não quer dizer que todo o movimento está comprometido, como os monges dendritas não barraram a experiencia monasticas que tantos frutos deram e ainda dão à Igreja, como tambem não quer dizer que os exageiros dos tradicionalistas conclavistas e sevacantistas anulam os grandes beneficios que o movimento tem trazido para as reflexões sobres os desafios da Igreja frente a revolução humanista moderna de nossos dias.

Outro absurdo que o autor do texto comete é dizer que umas das caracteristicas das Novas Comunidades é a clericalização dos leigos, trata-se de uma falácia do espantálho. Em sua essencia o movimento das Novas Cominidades bem como a Renovação Carismática católica está em perfeita consonacia com os principais documentos papais e as exigencias pastorais tão desejadas pelos três ultimos papas no quesito à participação do leigo, é o que o Concílio Vaticano II chamou de novo protagonismo leigo no processo de cristianização da sociedade, mas é claro que o ant-espirito conciliar tratou de interpretar e propagandiá-lo como a clerização do leigo que não tem nada de verdade.

Ao contrario do que o autor afirma aqui, a Igreja sempre contou com a participação do leigo, mas sempre o exortou a reconhecer o seu lugar, que não é o lugar do sacerdote. Como se não bastasse os absurdos, o mesmo ainda insistiu para justificar a afirmativa que a pregação e o direcionamento espiritual é função exclusiva de padres e nunca de leigos, ora, nunca ouvi tamanha besteira, com o perdão da palavra. Varios leigos tiveram papel fundamental na pregação católica e no direcionamento espiritual, pra citar alguns são santos e beatos como: Beato Guilherme de Tolosa, São Francisco, Santa Catarina de Sena, Santa Fautina, São Martinho e tantos outros. Honestamente não acredito que o autor acredita nesse absurdo de que o leigo não pode pregar e nem direcionar (ou pastorear), deve ter sido um descuido textual que fora postado sem a devida correção.

Ao final do texto o autor cai numa vizível contradição, ele afirma “Não quero também afirmar neste texto que não há ação da Divina Providencia nestas comunidades” e logo a baixo diz que essas mesmas novas comunidades colaboram para a destruição da Igreja. Eu entendi direito ou ele esta dizendo que uma mesma instituição tem o patrocino da Divina providencia e ao mesmo tempo do destruidor? Eu diria ser muita incoerencia se o texto não fosse um mero desabafo de um ex-membro de ambos movimentos como ele mesmo afirmou ser por 05 anos no início do texto.

Para concluir minha análise, quero discorrer sobre a relação entre a RCC e o pentecostalismo, que basecamente é o fundamento da aversão de certos tradicionalistas que inclusive serviu de base para os questionamentos do autor nesse texto, ao relacionar as novas comunidades com os carismáticos. Tomarei o devido cuidado para não deixar entender que eu concordo tambem com os exageiros que por ventura venha ocorrer por aí. Geralmente os inimigos dessa espiritualidade dizem que o pentecostalismo da RCC teria sido condenado pelo papa Leão XIII e seu predecessor Pio X. Os mais compromissados com o bom debate têm o cuidado de citar o documento base para esse argumento, que é a encíclica Pascendi Domici Grecis de Pio X. Ora, eles constroem um espantálho da pseudo verdade, em seguida espanca esse espantalho dizendo está espancando a propria verdade, é a tecnica da falácia do espantálho novamente sendo usada. Na enciclica o papa Leão se levanta como um verdadeiro leão furioso contra os perigos das heresias do modernismo que começava a se espandir e se difundir ainda em seu tempo.

Esses papas não a condenaram, até porque não são contemporaneo à  genese do movimento que nasceu a pouco mais de cinco decadas. Basta ler o documento citado com olhar atento e verá que o que o papa esta condenando e ainda permanece sendo a principal ameça da Igreja não é a espiritualidade pentecostal carismática e sim as novas propostas sincretistas modernas que mais se aproximavam do gnosticismo.
Essa nomeclatura “pentecostal” soa quase como um xingamento aos ouvidos tradicionalistas, mas nunca foi problema para a tradição, varios biógrafos a usaram para demostrar o quanto alguns santos eram absortos na entrega ao espirito de Deus e a mistica dos atos dos apostolos. Por exemplo o principal biógrafo de Santo Inácio de Loyola qual não me recordo o nome agora dizia que Ignácio e seus primeiros companheiros eram chamados de os pentecostais do século dezesseis. A mesma expressão é encontrado na hagiologia dominicana e franciscana que dizem que alguns fenomenos como a oração em linguas aconteciam regularmente, alem da evidencia biblica de pentecostes a qual deriva a expressão pentecostal. O que pode nos dar um pouco mais de trabalho é o Magistério, que requer uma pesquisa mais cuidadosa para fundamentar essa experiencia eclesial, mas se a Igreja afirma que um papa é o guardião do Magistério e o defensor de sua integridade, em sua essencia tanto as Novas Comunidades quanto a RCC pode descansar seguro no regaço acolhedor da Igreja, pois desde o seu surgimento todos os papas contemporâneos lhe tiveram apreço declarado, inclusive conselhos e orientação proprias direcionados ao movimento.

Agora não quer dizer que eles estão imunes aos perigos dos exageiros, nenhum movimento de Igreja está imune aos perigos dos extremos. Por exemplo, pessoalmente vejo que o foco totalmente direcionado a curas e milagres é um perigo, o exclusivismo carismático é um perigo, a tentativa de imitar os pentecostais protestantes é um perigo, mas por maior e preocupante que seja, esses detalhes não ofuscam nem de longe os seus beneficios para os apelos da nova evangelização da Igreja.
Termino minha “breve” dicertação pedindo a intercessão de Santo Atanásio, o eximio defensor da Igreja, que nos dê temperança de saber defendê-la e reconhecer quem são seus reais inimigos!
Santo Atanásio rogai por nós!

“O Senhor ordena que todos que foram salvos que dêem um brado de vitória!”. Alguns tradicionalistas talvés não cumpririam essa ordem de  Santo Atanásio porque acham que “bradar” e vitória é coisa de carismático!

Abraço a todos!

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