Foto: Arquivo pessoal: Santuário N. S.a Piedade Cel Fab. |
No alto de nossas Igrejas Católicas é fácil visualizar o
destaque que se dá à cruz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, essa que
representa a vitória de Cristo sobre o mundo e sobre o pecado, que também é a
nossa vitória. Ora se vê a cruz e o sacrifício (crucifixo = cruz + sacrifício), que é o madeiro e a imagem do
Cristo que deitou sobre ele para carregar nossos pecados, outrora e na grande
maioria das vezes se vê a cruz nua, limpa, sem a imagem do sacrifício. Algumas
igrejas protestantes, presumo que na tentativa de um dialogo ou na tentativa
estratégica de atrair cristãos, também começaram a utilizar essa marca como um
importante símbolo de nossa fé colocando em seus umbrais a cruz nua, dessa
forma, facilmente algum descuidado poderá confundir as faixadas e achar que ali
tem uma Igreja Católica Por causa da cruz, mas não confundam “Carolina de Sá Leitão com Caçarolinha de
assar leitão!”.
Há até mesmo uma estória da Freira Serafina Micheli que está em
processo de beatificação no Vaticano, ao chegar em missão à uma cidade, foi procurar
uma igreja pra fazer suas orações e encontrou todas as paróquias fechadas e
saiu a procurar alguma em que pudesse fazer ao menos as orações do lado de
fora, quando viu um pequeno edifício com uma cruz elevada em seus umbrais se prostrou
e iniciou suas preces. De repente um anjo aproximou-se dela e lhe informou que
ali se tratava de uma Igreja protestante e que Jesus sacramentado não estava
ali, e à reorientou até uma capela católica mais próxima. Essa personagem da hagiologia
católica infelizmente não é uma figura tão popular, porque seu testemunho é um
espinho na carne dos ecumenistas. A futura beata relata em seus diários espirituais,
que no trajeto até capela do Santíssimo o anjo lhe disse que aquela era uma das
igrejas fundadas por Lutero e em seguida mostrou-a a alma de Lutero padecendo
no inferno.
Santa Rosa de Lima com seu amor inestimável à cruz disse: "Fora
da Cruz, não existe outra escada por onde subir ao céu". O Concílio
Vaticano II direcionando a liturgia da centralidade da cruz no altar quer
evidenciar nossa relação com a cruz não somente ao culto liturgico. Essa
teologia não quer nos reduzir ao apego ao sofrimento, mas nos convidar ao seguimento
responsável com o Cristo e o seu mandato evangélico "tomar a cruz e a
segui-lo" (Mt 16, 24).
Mas voltemos à hermenêutica da Cruz! Se há nos umbrais das igrejas o cruz-sifixo, é a memoria viva de que Nosso Senhor subiu nela, e deve ser reverenciada como um sacramental. Isso não quer dizer que o “Deus dos católicos ainda está pregado numa cruz”. Como um sacramental o crucifíxo tem a função de nos lembrar o sacrifício do calvário e nos remeter Àquele que venceu por meio dela. Por outro lado, se há em outros umbrais das igrejas a cruz nua, e a ausência sacrifício, só pode significar a cruz (d.C) depois de Cristo, ou seja, está vazia mas ainda com as manchas do sangue salvador do Cristo que dela desceu.
A cruz vazia nunca deve representar a cruz imune ao sacrifício, o calvário antes do Cristo habitá-la era apenas o gólgota, lugar da caveira, lugar de morte, quando o Cristo nela habitou passou a significar o lugar da expiação da culpa “de muitos” (Mt. 26,28) e consequentemente a nossa salvação.
Logo podemos concluir que o cristão católico não está imune à
cruz e ao sofrimento temporal, a cruz católica está intimamente ligada ao
sacrifício, se ela está vazia o Cristo dela desceu ressuscitado após passar
pelo sacrifício e as evidencias do sangue ainda está lá, por outro lado se nela
há a imagem do sacrifício tem a função representativa do Cristo ressuscitado
que um dia ali esteve pendurado. Sendo a cruz a simbologia da vocação católica,
fatalmente concluo que nossa vida nunca deverá ser desligada ao sacrifício/sofrimento
e quando falamos em sacrifício podemos remeter também ao sacrifício eucarístico
que o católico nunca poderá se desligar, e enfim o sacrifício cotidiano, dos
desafios da vida corriqueira, esse que nunca estaremos indiferente.
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