Em suma, podemos dizer que o secularismo
religioso moderno é a tentativa de tirar “Deus” da vida publica e deposita-lo
na vida privada, essa tentativa muitas vezes se esconde por trás de calorosos
discursos humanistas e democráticos (politicamente corretos) de muitos políticos,
religiosos e midiáticos. Deus pode ser uma experiência boa e construtiva para
um grupo de indivíduos, porem seria “desumano” querer que “o resto dos seres
humanos” tenham a mesma experiência e a considere igualmente pertinente. Esse “resto
dos seres humanos”, em posse do direito de se abster da necessidade da experiência
religiosa sem se constranger, também são livres para tecer pensamentos e
opiniões contrárias aos outros se valendo de outro novíssimo direito que é a
liberdade de opinião e de crença.
Mas para onde caminha a humanidade
ao retirar “Deus” e tentar caminhar com as próprias pernas? Deus seria um incomodo
para o desenvolvimento dos homens? Ao pensar nas respostas desse questionário é
inevitável não prever a nossa completa perdição, visto que não poucas vezes os
autores sagrados disseram que Deus é a luz dos homens e o farol que o ilumina. “Nele havia a vida, e a vida era a luz dos
homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” Jo. 1, 4-5. Deus é vida e a vida estava nEle e a vida é a luz dos homens, logo Deus é a luz e a luz está em si, e o que diferencia as trevas
da noite com o clarão do dia é a presença do sol. Se tirarmos o sol a escuridão
prevalece. Se tirarmos “Deus” da experiência humana lhe resta a escuridão, e
todos sabem o que acontece com aquele que caminha sem enxergar a luz, tragicamente
desfalecerá em um buraco profundo e escuro.
Papa Bento XVI, atual papa emérito
foi um incansável defensor da Igreja no que tange a esses perigos do secularismo.
Em seus discursos e encíclicas o papa teólogo não se cansava de inspirar a
Igreja a ser testemunha de Cristo no mundo sem ofender os direitos do outro e
das outras religiões, mas também sem deixar de ser presença profética no mundo.
Em uma de suas últimas homilias ainda como papa, o pontífice citou a filósofa
que virou santa, Edith Stain, para convidar os fieis leigos a desenterrar Deus.
A expressão era parte de um fragmento das meditações da santa que afirmava que
o nosso distanciamento de Deus constrói uma espécie de buraco em nossa alma e
Deus se coloca nesse buraco no mais intimo de nosso ser. Ao constatar isso a
santa nos convida a desenterrar Deus que fora sepultado dentro de nós.
"Um poço
muito profundo está em mim. E Deus está naquele poço. A cada vez que tento
juntar-me a ele, mais a pedra e a areia o cobrem: agora, Deus está sepultado. É
preciso de novo desenterrá-lo".
O papa Ratzinger ainda ressalta que a
outra parte desse secularismo perigoso seria o fato de que Deus estaria também oculto
pelos que O instrumentalizam para seus próprios fins, dando mais importância ao
sucesso, aos bens materiais e a sua própria vida. "Desse modo, Deus se
torna secundário, se reduz a um meio, se torna definitivamente irreal." Desenterremos Deus-luz e o coloquemos no candeeiro de nossas vidas para que sejamos por ele iluminados e escapemos das crateras do ateísmo.
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