No enredo da criação contida
nos trinta e um versículos do primeiro capítulo de Gêneses há uma curiosidade
incrível que pode nos interessar sobre a mística que gira em torno do segundo
dia da semana de acordo com os povos judeus. Porque será que a segunda feira é
um dia tão pesado e difícil? Seria por ser o primeiro dia útil depois de dois
dias de folga? Não deveríamos estar descansados ao invés de desanimados e
“reclamões” (sic) durante o percurso desse dia? Talvez
haja mais mistérios do que possa especular nossa vã filosofia, vejamos o que
podemos aprender a esse respeito dentro da cultura bíblico-judaica.
Na tradição milenar Judaica,
qual derivou a fé cristã, está repleta de símbolos, imagens e sinais, uma
riqueza que muitos deles herdamos para a estrutura litúrgica do cristianismo, é
claro também que pouco se aproveita dos exageros que é de praxe dentro dos
costumes dos judeus, exemplo disso é a numerologia dentro da Torá, ou seja, o
Pentateuco cristão, os cinco primeiros livros da nossa bíblia. Em Gêneses 1, 3;
Deus cria a luz a partir da força geradora de sua palavra “Fiat Lux”, ao
cria-la Ele viu que a luz era boa e esse foi o primeiro dia da semana. No
segundo dia, Deus criou o firmamento para separar as aguas e o chamou de céu,
esse relato permeia os versículos seis ao oito desse primeiro capitulo, o texto
finaliza dizendo “foi o segundo dia”, mas não contem a sentença “Deus viu que
era bom”, essa expressão só não se faz presente no relato desse segundo dia da
criação, contém no primeiro, no terceiro, quarto, quinto e sexto dia, no sétimo
dia Deus descansou viu que era muito bom e ainda abençoou o sétimo dia como o
dia de descanso.
Para a hermenêutica judaica
a ausência da sentença “Deus viu que era bom” e “E o abençoou” para o segundo
dia significa que, além desse dia não possuir nada de relevante que o torne bom
como os outros dias, sobretudo o sétimo dia, é um dia sem a benção de Deus, sem
a sua proteção. E essa visão transcende da hermenêutica para a vida comum, o
judeu acredita que nesse dia é preciso vigiar mais que os outros dias, se no shabat Deus estava plenamente presente,
na segunda estariam à mercê da desproteção de Deus e com isso maleáveis aos
perigos. Devido a esse fato, na história, percebe-se que em vários momentos os
povos Islã, por conhecer também essa simbologia contida na Torá, atacaram por
várias vezes os judeus justamente na segunda feira, por entender que estavam
sem a proteção de Deus neste dia, com isso seriam facilmente vencidos.
É claro que no cristianismo,
a partir da morte e ressurreição de nosso Senhor, algumas expressões ganham
significados maiores, não posso negar que por outro lado, algumas expressões
significativas, por algum descuido histórico perderam o seu valor, que não é
este o caso, no cristianismo não se guarda mais o sábado como o dia
de descanso, mas o Domingo por ser o dia do Senhor, na conotação cristã, por sua
morte e ressurreição Jesus dá nova vida e sentido aos nossos dias, alicerçado
nessa verdade, podemos dizer todas as manhãs, (inclusive na segunda feira) como o salmista “Hoje é o dia em
que o Senhor fez para nós, alegremos e nEle exultemos!” Salmo 118,24. Não há
dias "maus" para aquele que está em Cristo.
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