Antes de ler esse artigo, aconselho aos meus leitores que também são pais de família a proibirem seus filhos menores de ler este aparentemente inocente livro Cinquenta tons de cinza da autora E. L James.
Desde os meus tempos de
faculdade, guardo um divertido costume que carinhosamente o chamo de recreio
cerebral (as vezes por causa disso entro em algumas enrascadas!). Trata-se de
um intervalo de leituras que sempre faço quando termino de ler os prediletos de
minha estante, bem como as indicações dos textos, artigos e livros teóricos de
meus professores e esses últimos, quase sempre enfadonhos, diga-se de passagem.
No topo da lista de minha predileção estão os livros de filosofia, teologia, linguística
e teoria literária, sem contar é claro os livros espirituais, esses que não
costumo dar intervalos, os tenho sempre comigo.
Num desses recreios, quando me
preparava para escolher algum livro que não me forçasse tanto a pensar, me
saltou aos olhos o livro de estreia da escritora E. L. James, o primeiro da
trilogia de Cinquenta tons de cinza. Ao ler o tema me lembrei vagamente que
alguém havia comentado que o livro caiu repentinamente no gosto das mulheres e
era um dos best-seller’s nas diversas livrarias por aqueles dias. E de fato
era, só se falava em Cinquenta tons de cinza, além disso também me aguçou a
curiosidade em lê-lo pelo titulo da obra me soar meio poético (me enganei
redondamente!), apesar de claramente se tratar de uma literatura de panfletagem.
O enredo basicamente gira em
torno das experiências sexuais e sensuais de Ana Steele, uma jovem universitária
com o anti-herói bilionário Christian Grey que se revelara um tremendo
cafajeste apreciador do sado masoquismo. Segundo um importante jornal
norte-americano a obra de James é daquelas escritas grudentas, que é difícil de
largar quando se começa a ler, prende a atenção do inicio ao fim. Como crítico
literário eu tenho minhas ressalvas gravíssimas quanto a essa opinião, o livro não
tem uma história, além de conter fragmentos desconexos que ninguém explica o
porquê de está ali, devo dizer que prende sim a atenção, pelo seu alto teor de
erotismo e não pela qualidade da escrita e muito menos pelo conteúdo. E aqui
está a minha preocupação maior, o livro se tornou fenômeno entre os adolescentes,
da mesma forma que Crepúsculo, crianças de 12 e 13 anos estão comprando e lendo
esse livro, com o aval dos pais que não sabem do que se trata. Em alguns momentos
me envergonhei de está lendo, e jamais, em sã consciência, deixaria minha irmã,
ou filha de 18 anos lê-lo. Além dessa característica agressiva de apelo
erótico, a autora deforma a imagem da própria mulher-personagem que passa a se
relacionar com um maníaco sexual e assina um contrato garantindo poder a ele sobre
as suas ações e de satisfazê-lo.
Mas o que de fato me fez pensar no livro como
uma peça do discurso feminista? É simples, em primeiro momento, poderia se
dizer o contrario, pois no cenário sado masoquista que se insere do inicio ao
fim da trama, a mocinha era submetida a humilhações e a uma espécie de
submissão moral por parte do “dominador” por sua livre e espontânea vontade, o
que faria qualquer ativista feminista arrancar os cabelos, mas a verdade é que
o feminismo não parece está muito preocupado com isso, pois tudo é válido na
busca pela liberdade do prazer. O que realmente faz parte da agenda de
reinvindicações feministas é justamente o rompimento com o que é natural, a
mulher tem o direito de ser dona do seu próprio corpo como o homem, de poder se
relacionar com uma ou mais pessoas, uma ou mais vezes que quiser e não ter que
se preocupar com uma gravidez, que para esse grupo, seria um empecilho em sua ascensão
social e profissional.
OS TONS DO FEMINISMO: O MAIOR INIMIGO DA FEMINILIDADE
Nos Estados Unidos, mulheres
iradas com faixas e cartazes nas mãos saíam pelas ruas gritando “Mantenha o seu
rosário longe do meu ovário!”. Elas gritavam pelo direito de viver como
prostituas sem ter que se preocupar em ter filhos, e se caso viessem a ter um
por descuido, queriam poder abortá-las sem ser incomodados pelas leis da Igreja
ou dos homens que defende a vida desde o inicio de sua concepção. Por que a
mulher tem tanta predisposição genética para a maternidade? Teria então errado
o criador na hora de fazê-la? Ou seria
as nossas mentes inclinadas ao pecado e ao egoísmo de querer ser melhores que
Deus? A Igreja propõe que a experiência sexual na vida do homem e da mulher
deve ter um caráter duplo, ou seja, “unitivo-procriativo”. O sexo deve ser uma
fonte de aconchego e de encontro entre os casais, ao mesmo tempo em que esses devem
está aberto aos filhos que porventura vierem, dessa forma, a sexualidade deve
ser vivida dentro de uma dimensão de responsabilidade e estrutura de família
preservada pela união matrimonial. Esses grupos acusam a Igreja de ser
retrograda, ultrapassada e machista, mas a Igreja nunca admitiu a hipótese de
superioridade de gênero entre homem e mulher, ao contrário, os convida a viver
em sintonia respeitando uns aos outros a partir dos limites impostos pela
própria natureza.
Segundo o teólogo, padre Paulo
Ricardo de Azevedo em uma de suas aulas, o feminismo se reverte de uma
necessária busca por direitos civis a partir de um deturbado conceito de
igualdade de gêneros, mas que na verdade trata-se de uma terrível arma na
guerra cultural da nova ética moderna contra os princípios do cristianismo.
Porem nessa guerra a mulher sai prejudicada pelo próprio movimento que a
representa. No contexto feminista, a mulher que vale é a mulher que mais se
parece com o homem, a mulher que “transa” com vários homens, a mulher que não é
tão delicada e meiga, a mulher que disputa cara a cara os melhores cargos nas
empresas e na sociedade e a mulher que não engravida.
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