Tenho recebido diversas
correspondências e conversado com amigos sobre um grupo de católicos que tem
disseminado incríveis interrogações quanto ao Concílio Vaticano II e
questionado a autenticidade da trajetória da Igreja pós-concílio. Ao que
parece, virou moda que grupo de leigos expõe suas opiniões e até partem para o
confronto verbal como se tivessem autonomia e competência eclesial para tal. Na
teoria isso se justifica razoavelmente por um fenômeno atual intitulado como a
nova autonomia do laicato do século XXI, que segundo o teólogo Renold Blank a
Igreja esta passando por essa etapa e esse tem sido seu grande desafio, a
ovelha que quer deixar sua posição de parcialidade para atuar com o papel de
protagonista intervindo por consequência nas estruturas eclesiais.
Em suma, esse ímpeto do leigo em resgatar
o seu papel de batizado e sendo assim parte integral na comunidade cristã como
também participante do discurso não é a maior preocupação da Igreja ao meu ver,
na história vemos muitos leigos que foram grandes protagonistas de grandes e
consideráveis transformações, e a Igreja sempre os considerou. Porem a minha
grande preocupação está na fonte na qual está sendo fomentado e sustentando
algumas questões que surgem por aí, uma coisa é participar das discursões que
brotam no seio da Igreja, essas que fazem parte e são essências para o processo,
outra coisa é colher conclusões de fontes inseguras e defende-las como fosse “verdade
da Igreja” se opondo a própria Igreja.
Exemplo disso são as diversas
indagações a respeito do Concílio Vaticano II que pulularam nesse ano de 2012,
ano que comemorávamos o jubileu de 50 anos de sua abertura, as discursões iam
desde à questionar o direcionamento teológico do sínodo, as consequências “modernistas”
da abertura “das portas da Igreja” até a alguns mais temperamentais considera-lo
como concílio ante igreja.
Ora, Papa Bento XVI quando ainda
cardeal, travou um debate com o professor Paolo Flores D’Arcais um dos maiores e
mais respeitados filósofos ateu do mundo, quando fora
indagado sobre a sua opinião quanto a esses impasses ao CVII foi incisivo em
afirmar que o problema não está no conteúdo teológico e pastoral do Concílio e sim no ante-espírito que invadiu as almas dos inteléctuais e dos teólogos de linha mais tradicional. Com
isso o Papa emérito responsabiliza a mídia pelo que chamou de interpretação distorcida das reuniões da Igreja na época e dos documentos provenientes, pelas
clamidades que acarretam a Igreja hoje.
"Nossa função neste ''ano da fé'' é trabalhar para que o verdadeiro conselho, com a força do Espírito Santo, seja realmente compreendida e que a igreja seja realmente renovada" Papa Bento XVI CIDADE DO VATICANO - 14 de fevereiro de 2013 | 13h 34
O professor Felipe Aquino em uma
de suas aulas, considerou que, diante a este fato, se pode dizer que houveram
dois ou mais “concílio’s vaticano’s
segundo’s”, aquele que de fato aconteceu e foi a grande primavera da Igreja
e teve a unanimidade de todos os papas sucessores ao evento até hoje, e outro
foi o concílio apresentado pelos meios de comunicação de sua época e outros
tantos provindo de suas más interpretações. O desafio ao qual Bento XVI se propôs
em boa parte de seu breve pontificado foi em abrir e mergulhar com as ovelhas,
nas aguas profundas e cristalinas desta primavera e exorcizar por conseguinte o
ante espirito para que a Igreja pudesse começar definitivamente a compreendê-lo
em sua essência, e mais do que nunca a vivê-lo.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, sua opinião é muito valiosa para mim. Um forte abraço!