Alguém se lembra do personagem
Ruivo Henrig da série infantil “O pequeno Scoob - Doo”? Um divertido personagem
secundário, que aparecia geralmente uma só vez, porém constantemente nos
episódios diários. O garoto ruivo, rebelde, tatuado e cheio de sardas, era uma
ameaça constante para o mocinho Fred Jones que apesar de enfrentar os piores
inimigos fantasmas morria de medo do rapaz, que apesar de durão não era lá
grande perigo em vista dos outros. O personagem aparecia quase sempre ao final
do desenho, quando a detetive Vilma desvendava o enigma e descobria quem era o
autor dos assombros que se vestia de fantasma com a finalidade de trapacear as
vítimas. Quando Vilma estava para desmascarar o oponente e lhe revelar a
identidade secreta, eis que surgia Fred Jones, com certo ar de implicância, tomava
a palavra e gritava: “Já sei que é esse fantasma, é o Ruivo Hereng!!!
Em minha infância essa era uma de
minhas cenas preferidas, mas é claro que agora cresci e me tornei adulto, e já
não me chama tanta a atenção, mas essa implicância insana quanto ao menino
sempre me vem à mente em situações corriqueiras. Uma análise mais adulta e hermenêutica,
eu diria que o conflito entre os dois personagens que se tratava, se alguém ainda
lembra de uma rincha de berço, é muito mais do que uma simples e ingênua série
infantil.
Ruivo Henrig é a representação de
nossos medos e desafios, seja como ser indivíduo ou social. Porem nota-se que
muitas vezes os nossos medos tomam proporções maiores que a própria razão a partir
de como enxergamos o problema, criando muitas vezes fantasias que não existem.
Já o personagem Fred, o corajoso caçador de fantasmas que tinha medo de um moleque
da infância e vira-e-mexe tentava responsabilizá-lo pelas falcatruas alheias,
representa os nossos discursos muitas vezes sensacionalistas e preconcebidos. É
muito mais fácil jogar a culpa no Ruivo
Hering do que perder tempo em procurar na fonte segura e verídica do
problema, se é que ele existe ou se fato tem mesmo toda essa proporção. Esse “grito
e o dedo apontado” dos Fred’s de hoje, não está interessado na verdade e em
encontrar os responsáveis, esse grito na verdade esconde a covardia de nossos
medo reprimidos e disfarçados.
Na internet está cheio dessas
manifestações, em qualquer assunto que for pesquisar tem sempre alguém gritando,
esbaforindo e apontando dedos: “É tudo
culpa do Ruivo Henrig! É impressionante ouvir os argumentos e citação de
fontes para afirmar que “O papa é a besta!!” “O anti-cristo é a Igreja católica”,
que “a Xuxa fez pacto”... que a "culpa é dos modernistas”... que “O Concílio Vaticano
II é o vilão...” e assim se vai por aí afora. A coisa é tão ridícula que chega até
ser divertido, mas infelizmente na maioria das vezes a consequencia é trágica. O
especialista em linguística com ênfase em mídias sociais, ALONSO, K.M aponta
para alguns perigos a que estão expostos esses indivíduos quanto ao que tange a
credibilidade das pesquisas e as opiniões colhidas e exposta na internet.
A internet é o ambiente social que
possibilita qualquer um a expor suas opiniões e fundamentar suas teses sem
muita dificuldade ou responsabilidade. O internalta protegido pela distancia entre o virtual e a escrivaninha de seu computador vomita sem medo suas indagações. Isso dá uma certa impressão de grandeza,
e ambição em adquirir fama e sucesso com facilidade, porem o grande perigo que
eu vejo é que, enquanto os milhares de “pseudo-escritóres” e "web-pesquisadores"
então brincando de policia ladrão, ou de "Rúivo e Fred", os verdadeiros fantasmas
continuam a assombrar e já não mais precisam esconder seus rostos por tráz das mascaras.
Claudio Roberto da Silva, Escritor católico e blogueiro.
Graduado em Letras e Pós-Graduado em Gestão de Políticas Publicas
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