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DO CULTO AO PASSADO AO DEPRECIO DO HOJE!



Assistindo outro dia, a uma entrevista divertidíssima com artistas da musica brasileira que fizeram sucesso nos anos 80, não esperava que me traria à uma profunda reflexão. Lembravam-se de suas estórias, memórias e aventuras daquela época, e tais lembranças os faziam arrancar gargalhadas. Dentre elogios e articulações sobre o assunto, um deles disse: “A verdade é que nós estamos aqui falando sobre essa década por que ela já passou, com certeza nas décadas que virão estarão falando dessa de agora, e assim por diante, o lance está em valorizar o que já passou e não o que se passa”. O ser humano adora se lembrar das coisas, buscar no passado algo que os fez feliz é de fato muito divertido, houve até um filósofo que acreditava na hipótese de o homem existir somente na lembrança.

Um fenômeno que ocorre não somente nessa geração é que as pessoas estão mais preocupadas em produzir memoria para ser lembradas depois do que viver a própria memoria. Talvez porque vivemos o tempo da tecnologia e acessibilidade isso se torna mais visível. É comum hoje ir há um show e ver braços erguidos com máquinas de fotografias e celulares registrando o momento, o sujeito nem assiste o espetáculo porque tem que tirar a sua foto ou gravar o vídeo, e detalhe, ele nem assiste e nem deixa os outros verem.

A indústria tecnológica é claro que se utiliza disso para vender mais e angariar mais e mais riquezas. Com isso, acentua-se ainda mais o culto ao passado. Nas rodas de jovens, é notável que o “compartilhar” e “curtir” fotos e vídeos da noite ou balada anterior é as vezes mais divertido do que o próprio momento. A pergunta que me invade é; será que essa geração tem dimensão da importância do hoje? Será que sabemos viver e apreciar o presente ou estamos ocupados demais e produzir memorias?

A grande preocupação neste caso é com o tempo, este impiedoso sistema de contar segundos, minutos e horas. O tempo não te pergunta se viveu ou não viveu com intensidade os seus dias, ele cumpri o seu papel de envelhecer pessoas e coisas. Meu medo é que com o tempo, essa geração perceba que o tempo se passou e apenas o que lhes restou foram as fotografias da festa da vida que não foi vivida e das cores vivas que não foram vistas!

*Nota sobre a gravura: Obra do pintor catalão Salvador Dali, intitulada "A Persistência da memória" Dali foi um importante mentor da cultura do século XX, a obra representa o efeito que o tempo provoca no indivíduo, os relogios flácidos pendurados e escorrendo representam as preocupações do homem. Morreu em 23 de Janeiro de  1989.

Comentários

  1. Muito bacana! É verdade que muitas vezes preocupamos mais em registrar o momento do que vive-lo! E a questão é que nós estamos mais ansiosos para lembrar o acontecido em vezes de aproveitar cada segundo! Valeu! Essa vou guardar comigo.

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    Respostas
    1. Valeu amigo Felipe, obrigado pela visita em minha cantina, espero que esse café filosófico contido em meus textos não esteja tão forte e nem tão fraco, que seja ameno aos variados gostos dos leitores!

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