A piedade católica, movida pelo Espírito Santo, modelou ao longo dos
séculos, variadas formas de devoção àquilo que representa, de maneira tocante,
a Redenção do gênero humano: a Santa Cruz de Jesus Cristo.
a Redenção do gênero humano: a Santa Cruz de Jesus Cristo.
"O crux ave, spes unica. Hoc passionis tempore. Piis
ad auge gratiam. Veniam dona
reisque." "Salve a cruz, nossa única esperança. Neste tempo de
sofrimento concede graça e misericórdia aqueles que aguardam julgamento."
A condenação à morte pelo suplício da cruz era uma morte
ignominiosa, reservada para os ladrões e assassinos. Segundo nos relata Cícero,
os romanos tinham duas maneiras de eliminar os criminosos: uma nobre, a
decapitação, e outra ignominiosa, que era a morte pela cruz. Portanto, Cristo
morreu pela maneira mais cruel, a morte pela cruz.
No suplício da cruz o condenado, ao ser pregado na cruz, chegava
ao máximo da dor, uma vez que ao ter suas mãos pregadas na cruz, cada prego lhe
dava uma descarga nos nervos, que fazia com que o condenado gritasse de dor. Na
cruz o condenado perdia muito sangue e, em geral morria de asfixia, após muitas
horas de sofrimento e, se continuava vivo, suas pernas eram quebradas e, neste
caso, a morte era instantânea por asfixia. Com efeito, na cruz, a respiração é
lenta e mais curta, pois o ar penetra os pulmões, mas não consegue fluir e o
condenado tem sede de ar, semelhantemente ao asmático em plena crise.
Bem, estamos rememorando esses fatos, para lhes dizer como foi
cruel e dolorosa a morte de Jesus na Cruz. Entretanto, segundo os Evangelhos,
Cristo ressuscitou e a cruz vazia passou a indicar para o cristão uma fonte de
salvação e de ressurreição.
Diz a história que, no dia 27 de outubro do ano 312 depois de
Cristo, dois exércitos se defrontam às portas de Roma. O primeiro sai dos Muros
Aurelianos para posicionar-se ao longo das margens do Tibre, junto à Ponte
Milvio, comandado por Marcos Aurélio Valério Massêncio. O segundo, que desceu
de Trier (na Alemanha) rumo a Roma, se coloca ao longo da via Flaminia, guiado
por Flávio Valério Constantino. Os dois contendores lutam pelo título de
Augusto do Ocidente, um dos quatro cargos supremos, na Tetrarquia, o novo
sistema de governo do Império, ideado por Diocleciano.
O sol começa a se por quando as tropas de Constantino vêem
repentinamente surgir no céu um grande sinal luminoso, com uma frase
chamejante: "In hoc signo vinces" "Com este sinal vencerás".
Eusébio de Cesareia, o primeiro grande historiador da Igreja
recorda o acontecimento com estas palavras: "Um sinal extraordinário
aparece no céu. (...) Quando o sol começava a declinar, Constantino vê com os
próprios olhos, no céu, mais acima do sol, o troféu de uma cruz de luz sobre a
qual estavam traçadas as palavras IN HOC SIGNO VINCES. Foi tomado por um grande
estupor e, com ele, todo seu exército".
Com efeito, Constantino venceu e deu total liberdade aos cristãos,
até então perseguidos pelo Império Romano. Com este fato histórico, a Cruz de
Cristo, antes venerada com respeito, passou a ser símbolo de vitória, pois do
lenho da cruz partiu a salvação do mundo. Daí, na exaltação da Santa Cruz e na
Sexta Feira da Paixão cantar a Igreja, ao apresentar a cruz para que os fieis
prestem adoração ao Cristo crucificado e morto: "Eis o lenho da cruz, do
qual pendeu a salvação do mundo."
A cruz para o cristão, portanto não é símbolo de morte, mas de
vida. Ela é nossa única esperança. A cruz está sempre presente na vida da
Igreja, quer na celebração da Eucaristia, que no Batismo e demais sacramentos.
O sinal da cruz é o indicativo de que a pessoa é cristã e nós o usamos sempre
no início da Missa, com esse sinal nós somos abençoados e abençoamos em nome do
PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. Portanto, exaltar a cruz é exaltar a morte
de Cristo e proclamar que Ele está vivo e por seu sacrifício na Cruz nos obteve
a salvação.
Bendita e louvada seja a cruz bendita do Senhor, símbolo de vida e
de ressurreição.
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